entre no verdadeiro mundo como suicida
carregue no espírito imagens de rebeldia
exale de seu perispírito o etílico cheiro da bebida
atravesse sem ânimo e cansado os caminhos da vida
ensimesmado e entritescido
reviva cruel pesadelo, interminável conflito
diga que aguenta viver nesse palco
mas diga que é para sempre
a morte lhe consome o desejo profundo
leve, longe, triste, alegre, que diferença faz?
insano, contraditório, irreversível
miserável rastejo no solo, restos de alguma coisa
busco na fome do dia o pão
dignidade ou compaixão?
sociedade vira as costas,
ceder a mão, fraqueza do espírito
ao mais forte cabe a indiferença
orgulho e vaidade, a planta da maldade
que nasce diariamente nos corações...
rostos que transitam endurecidos
olhares vagos, perdidos, entorpecidos
tudo é motivo para se perder
e se distrair
a paixão que cresce
o olho que emudece
a menina e sua prece
a vida apresenta sua tese
a aranha sua teia tece
o mendigo seu pão pede
a mãe seu amor cede
a internet poesia recebe
o leitor autor desconhece
os traços de divagação
verdade é dizer não
ao mundo alienação
carro, movimento, repetição
rotina vira padronização
natal, consumo, excitação
final de ano renovação
do idêntico sistema escravagista
louco, autoritário, oportunista
constroem-se pontes
nascem edifícios na vastidão da cidade
o ventre materno que algo expele
um grito de dor ou de alegria
comemora-se o nascimento de alguém
icenso, ouro e mirra
os três magos reacionários
apoiam o partido progressista
violência sensacionalista na mídia
presidente na mira da polícia
deputados, altos salários, corrupção
nenhuma novidade, nenhuma esperança
uma nova idade, pro homem máquina
produto industrial
o homem artificial dos novos tempos
enfeitado com fitas e remendos
e vestido religiosamente de branco
brindando ao velho novo ano
missa do galo, carnaval
semana santa, congestionamento anormal
parado, observo o cenário bélico
armamentista, periferia correria
dois mil graus.
núcleo radiante de energia
viva intuição adormecida
caminhos desconhecidos nos levam
ao encontro de nosso deus interno
contemplar por um segundo
a eternidade,
em constraste com a brevidade
de nossas curtas vidas.
transmutar o karma,
operado, vivo, acumulado
em divinos atos imaculados
conhecer a essência
através da aparência
crença...
desbravar horizontes,
dilatar percepções
ampliar a compreensão sobre a vida
que nos convida e nos leva,
a alterar o destino,
via de regra
dissipar no espírito ilusões
compor no mundo belas canções
elevando o pensamento
sendo ato, puro e eterno
no início do fim, renascimento
cósmicas visões, desvelamento
de um porvir glorioso, inominável
na fronteira entre o possível
e o plenamente realizável.
ser enfim poeta!!!
Queremos reduzir as coisas e as pessoas
à estreiteza de nossa percepção pessoal
antropomorfizamos cores, formas e odores
azul é masculino, rosa é feminino
o garfo não é a mesma coisa que a colher
linhas de perfume para homem
linhas de perfume para mulher
é interessante notar esse processo
de como as coisas se tornam sexuadas
carregadas de um humano sentimento
o objeto macho, o objeto fêmea
a massa, ativamente passiva
absorve valores sem nenhuma reflexão crítica
e os intelectuais, artistas, poetas, atores
músicos, filósofos e escritores
constroem na solidão de seu silêncio
invisíveis blocos de concreto conhecimento
com o cimento do saber,
arregimentam belos edíficios,
sustentáveis etícos príncipios
vigorosas vigas feitas de científicas pesquisas
contemporâneas, históricas, esquerdistas
eu trabalho é como o de uma formiga
uma folha de saber, a cada minuto do dia
deixa fluir...
essencialmente sonambúlico, poético
brinco com palavras, recrio o verbo
visceralmente aturdido, banalizado
pela ordem vigente desprezado
saboreio a dúvida no tempo
anseio por um futuro: lúcido
calmo, não penso, escrevo
no futuro ainda serei o mesmo
aquariano, mineiro, um pouco obeso
revoltado com as injustiças sociais
resignado pelas consolações celestiais
no vai e vem da atmosférica mudança
a permanência da inabalável esperança
no porvir do amor duradouro
do equilibrio encontrado por poucos
as paixões domadas pelo domínio
de si sobre si mesmo
nas lutas do dia dia
está o freio,
na vida montaria
colocar o racional arreio
de pé, contemplando a noite
a imensidão de hemisférios estrelares
a amplidão de planetas habitáveis
a vida pululando em diversas tonalidades
do Todo Universal só percebemos partes
fragmento de uma harmonia cósmica
transitando por realidades opostas
inumeráveis formas de se elevar
possibilidades impossíveis de constatar
cognitivo aparato humano,
onde queres chegar?
estamos sempre em evolução
nascemos para algumas coisas
morremos para outras...
e assim escrevemos nossa história
a vida argila sendo moldada
pela energia plasmada
por nossas crenças e convicções
um minuto de sobriedade
reflete uma luz em nossa imagem
dissipam-se as trevas das estéreis indagações
a dúvida, mãe do saber,
filha do aprendizado
nos convida a refletir
sobre a realidade
de invísiveis fatos...
duvidar dos sentidos,
não é uma regra,
é mais do que isso,
é necessário!
caminhar com segurança,
rumo ao infinito
desbravar mistérios,
desfazer de mitos
criando conceitos,
elevando ritos.
a científica arte transcendental
a serviço do progresso espiritual
poesia é sentimento, é vida
é reviver a trajetória escolhida
compartilhar experiências,
saberes variados
vincular idéias,
recriar o mundo arcaico
sentido de originalidade
da humana espécie
catarse sistemática
através da prece
plural!!!!!
fui um errante boêmio promíscuo
fiz pacto com as ilusões da noite
sorri ao lado de rostos sofridos
me banhei nas águas do éter etílico
me aventurei pela estrada de falsos amores
abri em meu peito uma grande ferida
na obscura cidade das almas perdidas
estendido na calçada cansado
bebâdo em busca de um cigarro
o alívio imediato de mais um trago
nicotina, álcool, violão, poesia
mulheres, turbulência, caos, alegria
um conjunto de valores inapreciáveis
um complexo de constantes variáveis
química da nostálgica euforia física
gritos rompidos no silêncio da noite fria
uma lágrima mesmo que tardia
uma homenagem póstuma ao dia
em que homens brindavam o amanhecer
e desconheciam a obrigação do relógio obedecer
desciam as escadas cantarolando uma velha canção
uma doentia necessidade de harmonia intíma
nos recônditos da espiritual amizade adormecia
versos de um louco fantasista
herança de músicos, poetas, reacionários
que corajosamente pelos seus ideais lutavam
sonhavam de olhos bem abertos, sempre acordados
pois num lapso de segundo poderiam
novamente serem acorrentados,
por uma ébria paixão dissonante
no planeta das formas gigantes,
das luas coloridas, das estrelas ofuscantes
no olhar de cada figura feminina
que transborda uma vontade infinita
de se enlaçar a outro corpo,
desejo louco
de ser por um instante
também o outro...
a planta colhida no solo da vida
cinco pétalas famosas, conhecidas
discriminada, perseguida, proibida
admirada, contemplada, requerida
assim é a maria ruana peregrina
traz luz aos corações alegres
entusiasmos aos corações cansados
fadiga, preguiça, larica,
olhares vermelhos, dilatadas pupilas
no tempo ambiente, contemplação
natural miragem do coração,
sonho canção, ritmo, poesia
sinto uma ligeira vertigem inebriante
minha alma desloca se no tempo e no espaço
contemplo meu corpo no beco sentado
ao lado de uma multidão dispersa
uma densa cortina de fumaça nos envolve
nos enlaça, nos faz bailar acima da vida
rápidas batidas cardíacas...
natural percepção fugaz
latentes viagens transitórias
reflexos de um tempo de paz
o futuro imantado ao presente passado
num disforme complexo de idéias ideais
o equilibrio necessário à reconstrução
de um espírito puro e são!!!
crianças brincam de ciranda,
um menino empina a vida
e arremessa bilosca.
meninos e meninas brincam juntos
de esconde esconde e pega pega
descobrem na aurora da ingenuidade
muitas das brincadeiras que a vida lhes reserva
vamos brincar de toque toque na rua
mas cuidado com o quintal da dona dirce
se ela pegar a bola, irá furá-la
(tristeza de criança: bola e rua vazia!!)
pé de goiaba carregado, eu subo até no alto
pega uma para mim, eu pedi primeiro
eu quero aquela, não esta está muito madura
pega a outra, pega outra, lá vem o seu Jão... corre!!!
polícia ladrão, eu quero ser polícia
eu quero ser ladrão... corre ladrão
um, dois, três e já!!!!
se a vida fosse uma tarde de infância
daquelas em que o azul
se grava para sempre na memória...
mas a vida malvada não se cansa
de pedir sempre mais e mais
mas em nosso peito ainda grita
aquela inocência de criança!!!!
toda vez que contemplamos a natureza
que observamos as constelações no céu
que questionamos nossa excelsa essência
a criança adormecida ressurge
na alegria da novidade!!!
estou saturado de verde e moro no mato
em meu quintal repousa um generoso pé de manga
são tantos pés, tantas frutas, tantas farturas
acerola, abiu, abacate, ameixa, abacaxi e amora
só para falar das que começam com a
não é uma roça qualquer, é um pedacinho do céu
as aves conversam conosco
e sempre trazem boas notícias
as vezes elas ficam intrigadas
porque o ser humano perdeu o poder
de compreende-las...
na tv vejo um cenário cinza, eletrizante
stress, engarrafamento, poluição, superpopulação
e jovens consumindo produtos manufaturados
drogas, violência, consumo desenfreado
o progresso é um tomate enlatado
um leite empacotado, uma manteiga plastificada
um carro do ano, o celular da moda... moda...tudo é moda,
e a moda dita muita coisa
eu não estou na moda,
a natureza não está na moda
não está na moda ter uma vida natural
agora está na época de manga
para os moradores da cidade
o que importa? é tudo igual
tem o ano todo, e ainda sobra.
tem gente que ainda não descobriu
os segredos do corpo
nosso corpo funciona com as estações do ano
as frutas de cada temporada
são as necessárias ao perfeito funcionamento orgânico
tudo na natureza segue um ciclo, um ritmo, uma ordenação
o homem é natureza,
o homem era para ser um ser natural
em sua ânsia de não se ver animal,
acabou se tornando um ser bestial
bem pior do que muitas espécies...
procuro por uma verdade bela
que me agrade e me contemple por inteiro
na inteireza de meu narcisico instinto
e na pureza de meu mais íntimo desejo
não quero somente por deuses ser agraciado
gostaria de pelos humanos ser idolatrado
mil vezes mais presunçoso do que o diabo
mais simples do que o luminoso letreiro
sou um paradoxo sentimento
misto de loucura e vaidade
sou apenas mais um complemento
deste mundo belo e horrendo
gosto de transitar pelos opostos
ampliar o terreno dual
ir além do bem e mal universal
sentir na pele os calafrios do clérigo
suspirar por uma mulher, apaixonado
todas as experiências terrestres me interessam
me sinto plenamente realizado
seja pelo pedreiro trabalhando num sol arretado
ou por um megaempresário ganhando dinheiro
no primeiro terrestre estágio me acabo
em drogas, mulheres, bebidas, diversões
arrebentaram as cordas dos violões
meu passado ao diabo está entregue
as folhas de meu processo são numerosas
nele não estão deflagrados meros poemas
é toda uma vida catalogada, desde o primeiro suspiro
ao romper da carnal algema
a alma liberta, condenada espera, a sua sentença
não sofreu o bastante aqui na terra
a vida é sofrimento, o resto é bobagem!!!!
quando não queremos papo,
nem com Deus nem com o diabo
quando todas as ruas parecem sem saídas
e todos os becos escuros inabitáveis
parece que as almas escuras transitam na terra
quando o desejo é necessidade
e o sentimento, puro instinto
parece ausentar de nosso espirito
a única réstia de razão
sempre queremos algo,
na esfera imediata dos sentidos,
pois nossos olhos e ouvidos
são nossos piores inimigos.
Sabemos que em algum lugar do mundo
alguém sorri por tudo em sua vida ter dado certo
enquanto os pobres lamentam sua miséria,
sua doença, seu karma, sua vida
e ainda são elevados pelas igrejas ao eleitos de deus....
e aí daquele que não sofrer aqui na terra...
se bem que todos nós podemos ficar tranquilos,
todos temos nossa quota de sofrimento,
e assim a consciência egoísta consola-se perante sua dor...
eu sofro, mas todos sofrem, é e será sempre assim...
realmente num plano em que a impossibilidade
de afirmarmos nossos valores e virtudes
se faz sempre presente como sinônimo de orgulho e soberba...
não podemos ter talentos, sermos virtuosos,
pois sempre terá alguém incomodado com a nossa "perfeição".
Não, não, a perfeição não é desse mundo, nem Jesus foi perfeito...
e aí, vamos nos sentar e esperar as coisas caírem do céu
ou arregassar as mangas... claro, vamos arregassar as mangas, nada vai cair do céu...
ame a deus sobre todas as coisas mas não espere o mesmo Dele.
Vivemos aprisionado num campo de guerra
além dos conflitos internos que nunca cessam
somos bombardeados por supérfluas informações
nossos desejos são comercializados
na imagem tv o progresso digital
o homem subproduto do mercado
globalizado, antenado, virtual
a política arte no decadente cenário
o sopro de discórdia militar
o conservadorismo impresso nas cabeças
impedindo o povo de pensar
consumir, verbo do fim dos tempos
ou melhor, do fim de ano
o símbolo mor do amor
novamente crucificado na figura de noel
em nossa mente casa
estranhos de nós mesmos
pálido reflexo de uma possível verdade
nuvem de corrosivo ácido siderúrgico
no planeta do presente futuro
o espaço tempo extende-se ao agora
asfixio o tempo mundano,
desarticulo a meta do dia
vivencio traumas profanos,
arredio como a força do instinto
irrepetível movimento
força mundo respiro perco sumo
desejo força e alimento
me perco em devaneios desejos solitários
sou hermes a conservar sua mensagem
exu a brincar com os homens
ou deus a exigir severas penitências
o medo de ser castigado,
novamente enjaulado
no mundo de contradições
segredos e especulações....
no mercado Vida Loja
o segredo é não pensar...
balada embalada por bala,
lsd: o nirvana prometido
cinzas na lata virada cachimbo
deixar-se levar pela vida
faz-se quando necessário, de bobo
não ler nas entrelinhas o modo
perguntar-se sempre pelo como
operando na sintonia vulgar
do homem pulga nuclear
bombas de hiroxima, são paulo feita de pedra
rocha, criptonita, bauxita, linha férrea
menino, moleque, menor, criança
assiste indefesa a defesa do goleiro
bola na trave penalti no tráfico
morte na certa, ruela ingrata
vielas, becos, calçadas... tudo menos praça
na certa vieram nos proteger
poder corromper o ser ter
na tentativa inútil perecer
o grito vazio de sentido
o louco na rua
clack bum tá, na boca do forno
tudo que o mestre mandar
faremos todos...
converto a loucura em sabedoria
meu corpo em espírito
e minha alma em energia
vivo pela poesia subversiva
sem critérios, sem críticas
como o ar que você respira
transpiro palavras ocas e vazias
sem sentido, sem rima, sem sina
embebida de vontades várias
moro na cidade louca, devassa
lava a casa, varre a roupa
maldita empregada,
louco, torto e desajeitado
não tenho relógio,
não possuo carro
ninguém reparou no meu novo penteado
em meu peito carrego o seu retrato
e ela está com um novo namorado
tristeza: como é triste entristecer...
deixo nesse copo minhas lamentações
minhas queixas e reinvidicações
invento um mundo novo
um outro plano
crio espíritos, e acredito na realidade dos sonhos
esquizofrênico, bipolar, hereditária doença psíquica
sou um suicida em potencial,
com vistas a evoluir na perspectiva de um horizonte parcial
não enxergo além dos meus sentidos
meu ser, fragmentado pela espécie, geme
sentir na própria pele o valor e o preço do pecado
pudera eu sair por aí amando as pessoas e ser louvado
ao menos ser agraciado com um sorriso sincero e espontâneo
me banharei nas águas da incerteza
e não aceitarei mais o que é certo do que o duvidoso
queria correr mundo, romper fronteiras
confundir o atlântico com o pacífico
e instaurar uma nova geografia
me conte, de onde vem tal vontade
me dê respostas, eu te forneço juízo
empecilho sentido, dentro de mim
em silêncio fico.
rotulo imagens e enumero os dias
na pobreza de minha humana percepção
tudo está mudado, e eu enterrado
nesse corpo prisão...são?
em meu peito carrego amores adormecidos
paixões irrealizáveis, desejos inconfessáveis
e uma grande necessidade de ser compreendido
não quero comungar de um amor metafísico,
invisível e sem sabor de Terra...
não quero rezar a um deus insensível,
que de longe nossa dor contempla.
nem mesmo me revoltar contra o sistema
contra o estado ou com as minhas quimeras...
só posso brindar ao amanhã...
ao novo mundo, a uma nova história...
a um novo amor.
No território invisível
sentimento abrigo
me acolhe, me envolve.
Seguro, sinto
um minuto de tédio
e em minha consciência
nobremente desfilam
funestos erros, hipócritas caminhos
ergo o cálice para brindar à maldição
transponho o delírio angustiante
nas asas serenas da compaixão
no silêncio rarefeito de idéias
a percepção do fim mais próximo
a terminologia do conceito mórbido
a transparência do cortejo lógico
a beleza do cheiro flores
na tristeza dos rostos lágrimas.
A vida sopro enalteço
mesmo debaixo da terra sinto
o coração petrificado gelo.
Na ânsia louca de ser arrebatado
por um anjo divino, imaculado
Grito, esberro, me calo
envergonhado, agora rezo!!
no templo corpo,
desfalece a alma
sonhos diluídos,
esperança morta!
Rastejo penosamente
sob a Terra;
vago errante
sombrios abismos;
desejo do Mundo
a coisa mais certa:
uma lápide para o homem
de poucos amigos.
avesso ao mundo real
me refugio no poema surreal
andando sob as nuvens
atravessando paredes
dilatando horizontes...
transmutando imagens em verdades
vivendo de crenças e miragens
pois a realidade nem sempre é ideal
e diante de minha pobreza material
me resta ao menos o consolo da palavra imortal
algumas pessoas, psicólogos, religiosos
me acusam de covarde,
por querer não ver
o que imediatamente aparece
diante de meus olhos
mas vejo além do tempo,
e sinto saudades do futuro
louco para uns... lúcido para outros...
que diferença faz para uns e outros?
sou um louco poeta em busca da felicidade
terei o enorme prazer em conhecê-la
dizem que antigamente ela aparecia com mais frequência
outros, principalmente os que morrem crucificados,
dizem que ela não é deste mundo
e começo a desconfiar dessa realidade...
felicidade é... aquilo que não é para todos...
e todos estão incluidos em mim
eu sou o olhar do outro
o outro reflete em mim seu estado d'alma
estamos interligados numa teia multidimensional
cujo aparato intelígivel foi sutilmente ocultado
sob o manto de um místico significado
onde estão os magos, os feiticeiros
aqueles que detêm o verdadeiro conhecimento
os que lidam diretamente com a magia
com o prana, com a energia?
onde estão os mestres que ora pairavam em nosso orbe?
onde estão sendo realizadas as profecias?
onde estão?
felicidade é palavra ousada,
num mundo de almas penadas
onde o último se tornará o primeiro
onde a sabedoria se reveste de loucura
e nasce, humilde, numa manjedoura
se muitos querem um bmw,
outros com um jumento se contentaram
e muitos dizem que a vida é "loka",
a vida não é "loka" é louca
mas louca de verdade "mano"!!!
nossos transitórios tecidos carnais
contínuamente reconstituídos...
tornamo-nos outro
sendo sempre o mesmo.
Na superação dos opostos,
o tempo passa
e o riso, escudo necessário
revigora a espera da herança.
paciência pra ciência: pacífica essência
internalizada superfície externa
a geografia da alma se mostra densa
complexa e inusitada.
caminhos diversos compõem o mesmo cenário
as estrelas testemunham o sagrado
pois de longe, e do alto, sempre é mais fácil
nos vermos a imagem e semelhança de Deus
a poesia não salva na memória da vida
virtual satisfação, consumo somente imagens
me prostituo constantemente,
vendendo meus desejos anseios e interesses
ao mercado poético externo
na alma vitrine, contemplo a humana vaidade
à custa de sangue e suor alheio
milhares colhem aquilo que não plantam
como não lembrar de quem fabricou meu sabonete?
não, só porque comprei, tenho o direito
eis o maior erro dos terráqueos...
nunca estamos sozinhos...
alguém colocou botão em nossas calças
e com ele a íntima dependência...
todos dependentes, várias dependências.:
químicas, físicas, sociais, banais, ilusórias...
come, bebe, trepa e xinga...trabalha danado
na construção de um mundo caduco e decadente
prestes a lhe consumir os ossos órgãos do finito corpo
Sinto que nasci irreversivelmente doente
portador de uma moléstia incurável e invisível
sou o porta voz da demência insuperável
sou a consequência da miséria implacável
a ausência de um amigo divino
respiro com desalento e desencanto
e reinvindico o passado vivido e imaginado
tenho todos os motivos para chorar
e para me entregar ao pranto
estou inteiramente convencido da mediocridade terrestre
destarte sou o som que transfere para a alma a verdade
sinto sono e facilmente me disperso
infinitamente insaciável
um bicho feroz e indomável
que grunhe no anseio de ser atendido
suplico ao alto meus desejos e anseios
suspiro por um mundo mais justo e mais humano
como uma criança que ingenuamente reza a Deus
para acabar com a fome do mundo
revolucionários da terra, uni-vos... eu vos suplico!!!
meus nervos estavam sendo devorados
pela habitual monotonia dos astros
e pela crucial devoção ao relógio
me sinto constrangido ao agir
ao pensar, a somar e a subtrair
movimento mecânico e repetitivo
que me lança ao fogo do destino
ao imprevisível lance final
desejei profundamente dormir
dormir eternamente se possível fosse
mas meus olhos não se fecham
e minha alma nunca dorme
nem mesmos meus desejos me abandonam
e meus instintos e podridões se fazem visíveisaos olhos de todos,
dos amigos e inimigos mais próximos
a escuridão não é minha morada preferida
nem mesmo uma opção diante da vida
mas o meio dia me assusta e me espanta
se ao menos fosse possível uma meia sombra
cadê as pessoas que se diziam crentes?
onde estão os fundadores das novas igrejas?
onde estão agora rezando suas missas?
para que e para quem?
quem são seus santos protetores?
mais um dia se desenrola ligeiro diante de meus olhos
eu parado observo,
e quero simplesmente fazer nada
deixe a cama como está, deixa a vida como está
deixe estar como está e pronto,
hoje não quero mudar
quero aceitar a rotina, a máxima decência do sistema
na calma inabalável de um monge operário
que curte o som neo budista das máquinas
quero romper o silêncio dos famigerados
quero soluçar ao lado dos desesperados
quero visitar a escuridão e sacudir os abismos
e iluminar as almas desavisadas
quero emitir um julgalmento, ao mesmo tempo vil e são
doentiamente salutar na ignóbil histeria da vida
quero entrar no segundo tempo e logo em seguida ser substituído
quero entoar um novo hino anti nacional
quero viver a vida como ela é sem ilusões ou falsas distrações
quero gritar ao mundo que eu existo e estou vivo
e agradeço aos deuses por não terem me ensinado a dançar
de acordo com seu ritmo frenético e tonteante
viva a pílula da felicidade,
viva as mais profundas miragens
viva as ilusões e aos mártires...
e toda decência profana que repousa nos braços da insanidade
Na inteligibilidade platônica de seu conceito
a sóbria sabedoria soberba sucumbe solitária
ao contemplar a concretude de sua subjetiva miragem
perante a dionísica percepção futura
apenas um lacônico grito fugaz,
desesperadoras linhas rotas traçadas,
geometricamente seguras se desfazem ao som das trombetas quânticas
figuras, belamente compostas por uma simêtrica racionalidade ideal
dissipam-se no ar das convenções
as físicas leis pairam acima das nuvens de conceitos
nas superposições entre suas invisíveis esferas
o saber desdobra-se em partes
embriagado viajo por estas dimensões
em que oníricas imagens se despem
e se cobrem continuamente
num neurótico desvelamento da linguagem
numa febril materialização das mentais imagens
tudo se toca e se transfere,
espelho da mente que se fere
que se quebra
tudo se torna um!!!
num jogo de infinitas incompreensões
tudo se mostra e se revela
como realmente é.
em toda sua profundidade
em toda sua essência
o homem se encontra perpetuamente livre e sempre,
Criador de Si Mesmo
Espelho Transfigurador
Criador de Sentido e de Imagem
De cheiros, sons e sabores
espectador e protagonista
da cômica tragédia cósmica!!!
Vejo no cemitério,
camas bem postas pela empregada Vida
sinto vontade de me transformar em um louco devasso
de abrigar em meu peito a loucura
me lançar errante nos abismos
beijar todas as mulheres
fazer um longo e sincero elogio a promiscuidade
gostaria de gozar a vacuidade da vida
sua mesmice equatorial
gostaria de acreditar no destino
que vejo nas linhas da palma de minha mão direita
acreditar nos astros e astrólogos,
nos bispos, pastores, políticos e pecadores
ser arrebatado por uma profética visão
que me elevasse a um mundo novo e distante,
longe das muralhas sociais,
dos grilhões estéticos e modernos
livrar-me de toda ciência e de toda epópeia,
principalmente as escritas às avessas
quero deitar na terra molhada
me sujar na lama feito uma criança
balbuciar bobagens na esquina de uma rua qualquer
com pessoas que nunca vi na vida
deliciar-me com uma canção antiga,
conhecer uma canção nova,
e não querer saber de mais nada
viajar pelo universo,
na vertiginosa velocidade do pensamento
entoar um lírico poema inacabado, imperfeito e descompassado
incoerente, assimétrico, louco e insatisfeito
vociferar palavras inusitadas no ouvido de um surdo funcional
acabar com os critérios de avaliação pessoal
abolir os rótulos e títulos,
principalmente os acadêmicos,
exterminar com animalesca fúria todos os vocativos usados no distrito federal
vomitar reflexões e razões nas cabeças dos desafortunados de saber
nos pobres de compreensão,
nos catadores de midiático lixo industrial
inaugurar uma fecunda era,
de gostos e temas diversos, insuspeitáveis
rasgar com destemida coragem o véu da hipocrisia e do preconceito
lutar pela igualdade de direitos e de privilégios
acabar com os ares de imponência e de importância que se dão os falsos pedantes
quero mudar de planeta, de cosmos, de constelação,
quero subir ao infinito
e tocar harpas com os anjos, quem sabe não nasce uma banda?
quero me embriagar e me entristecer
e saber que no meu coração só lembro dela
e é ela que é a culpada: a cachaça!
Nesta semana fomos surpreendidos pela notícia de que em 2014 o Brasil será responsável pela realização de um dos maiores eventos mundias: a Copa do Mundo. Esta notícia, num primeiro momento, foi recebida como um coroamento da exemplar organização dos jogos olímpicos, reflexo de uma união conjunta das esferas públicas e privadas, com notória participação da sociedade como um todo - visto o número de pessoas que ajudaram voluntariamente, sem qualquer tipo de remuneração. No entanto, devemos admitir, que a reforma e a contrução de novos estádios de futebol não deveriam estar presentes de forma ostensiva na pauta do dia, afinal, muitos deveres de casa ainda precisam ser feitos. Cabe-nos perguntar quais os verdadeiros benefícios, ou se ousarmos avançar em nossas reflexões, quais serão os verdadeiros beneficiados.
Comumente ouvimos, principalmente em discursos políticos, o termo povo brasileiro, de forma a generalizar e caracterizar o conjunto de pessoas que vivem no território nacional. Dito isso, seria correto afirmar que, se o povo brasileiro será beneficiado na realização da copa em seu país, isso incluiria eu, vc e todos que habitam nosso país. Será? Os benefícios serão repartidos de forma democrática ou de forma indireta? Ora, primeiramente devemos refletir sobre os possíveis benefícios. Os benefícios não são de origem subjetiva, imaterial, ao contrário, primam pela sua concretude e imediatez: hotéis, restaurantes, empresas que fazem os transportes aéreos, a cbf, e os demais responsáveis pela arrecadação do dinheiro dos ingressos, etc... Um dos principais argumentos que poderíamos defender em função da realização da copa no Brasil seria o aumento de novas chances de emprego, mesmo que seja de caráter temporário. Outro forte argumento seria projetar mundialmente nosso país de forma a resgatar a importância da floresta amazônica, da nossa cultura e de nosso povo, ao mesmo tempo mostrar o quanto somos capazes de participar ativamente do processo de globalização, etc.
A grande questão está em saber quanto investimento será necessário na construção e reforma dos estádios sem nos esquecermos das prioridades, ou seja, educação, saúde, segurança e energia. Grande soma de dinheiro público será utilizado na construção e reforma de estádios. Não basta aceitar cegamente por simples impulso emocional o fato de sediarmos um dos maiores eventos mundiais que envolve uma paixão nacional. Não seria desvantajoso atentarmos para uma possível análise de custo benefício e verificarmos quem seriam os verdadeiros beneficiados.
Quais as prioridades do estado?A construção de estádios de futebol? De hospitais? De escolas? De presídios? De casas populares? Será que não deveríamos participar ativamente da forma com que nossos governantes gastam o dinheiro que recebe o nome de público? Estas são as principais questões que devem ser defendidas e refletidas pelo "povo brasileiro" como um todo.
Diante de uma mídia alarmante e sensacionalista, onde a tragédia trasmuta-se em pontos no ibope, as pessoas respiram o pesado ar da insegurança e da descrença. Como se não bastasse ficar oito horas acorrentadas a tarefas que lhe são impostas arbitrariamente, ainda são "obrigadas" a suportar o peso das tribulações alheias. Isto, num primeiro momento pode soar como uma falta de caridade, mas as vezes somos sobrecarregados com tanta informação de teor negativo, de que adianta eu saber de có todos os males do mundo? Não seria mais proveitoso ver a exemplificação de bons hábitos e belos costumes?
É fácil criticar a mídia, mas não podemos perder de vista que se trata de homens. A palavra homem tornou-se sinônimo de interesse. Em que a mídia está interessada? Em nos informar? Em nos entreter? Qual a base de sustentação ideológica? Em que se apóia? Quais são seus fundamentos e suas prioridades? A construção de um mundo mais justo e mais humano deveria ser a pauta do dia de todos os seres.
Ora, as principais redes de televisão não são instituições de caridade que vivem da esmola alheia, precisam se manter e pagar suas "contas". Seus contribuintes são variados e vão desde o dono de uma rede internacional de azeitonas até o presidente da república. Para a mídia se manter é preciso vender. As palavras chaves se resumem em compra e venda. É preciso primeiro criar um vínculo entre o consumidor e o objeto. Cabe ao bom vendedor entrelaçar o cunho de necessidade ao seu produto. É quase uma obrigação ter "isto" para ser "isso". O "isto" nem sempre é necessário e o "isso" nem sempre é a verdadeira felicidade. Ao imantar essas imagens e dar notoriedade ao lado falso da moeda, a mídia é responsável pela elevação do sentimento de frustração e impotência perante a existência; temos que levar em conta que vivemos num país com uma enorme desigualdade social e que a maioria de seus habitantes economicamente ativos ganham um salário irrisório que lhe impede de usufruir das novidades do sistema.
Há uma previsão da Organização Mundial de Saúde de que trinta por cento da população mundial irá sofrer de depressão nos próximos anos. A depressão para ser compreendida em sua totalidade deve ser analisada a partir de uma ótica multifocal, os componentes psiquícos, biológicos, químicos, físicos, o meio em que a pessoa está inserida, seus gostos e aptidões, sua família, suas crenças internalizadas devem ser estudadas paulatinamente, formando um todo interligado onde a parte afeta o todo e onde o todo só pode ser compreendido por suas partes, realizando desta forma uma possível síntese do processo. O grande lance da contemporaneidade é saber ver a ligação entre as partes... tudo está contido em tudo, mesmo que em planos superpostos. Você deve estar se perguntando onde entra a mídia nisso tudo? Em tudo poderia dizer. Ora, quantas horas as pessoas ficam em frente ao programa de televisão, principalmente os jovens e as crianças? A alimentação, os hábitos, o vestuário, a linguagem, o comportamento ético moral é absorvido de forma imediata e direta. O que é o bom e o que é ruim? O estudo da filosofia é extremamente necessário para podermos levantar certos questionamentos imprenscindíveis na formação de uma consciência crítica, autônoma que se eleve por si mesma ao universal; que tenha a coragem e o principalmente o poder de fazer uso de seu próprio entendimento. É interessante elevar o pensamento da maioria das pessoas aos estado de total desconfiança sobre suas crenças mais íntimas e por isso mesmo mais valiosas? É interessante pra quem e pra que? As pessoas tendem a adotar precipitamente comportamentos pragmáticos de resultados imediatos, concretos, visíveis, palpáveis que lhe rendam frutos aqui e agora. Não há um verdadeiro planejamento tendo em vistas a eternidade da alma e o desabrochar de suas potencialidades. A finitude da vida faz da morte a conselheira mais próxima: "todos iremos morrer mesmo" "de que adianta viver uma vida de austeridades e sacrifícios se tudo vira pó". É preciso alargar os horizontes e tentar transcender essa realidade. Diante de tantos problemas, que sabemos não ser de ordem imaginária, nem caprichosa, seria muito fácil nos rendemos ao pessimismo mas sempre há uma saída e diante de tal postura sempre existe outra otimista. A verdade é que não nos devemos abater diante das adversidades, pois de nada adiantará, o nosso destino está em nossas mãos e através do auto conhecimento poderemos desbravar outros mundos, outros sonhos e outras perspectivas... bem mais enobrecedoras!!!!!!!!
Após uma sucessão de fatos marcados por uma desmedida embriaguez, o corpo contraído ressente-se e alma, envergonha-se. Mas de nada adianta enclausurar-se... a exteriorização de nossos atos apenas reflete o que carregamos dentro de nossa mente que assim como nosso quarto dever ser diariamente limpo e revisto. Crescemos e nem sempre percebemos que a roupa que na estação passada nos servia confortavelmente talvez não sirva mais, isto não quer dizer que iremos descartá-la de forma irrefletida, se ainda está nova podemos doá-la.... assim são as idéias, em determinado momento adotamos certos pontos de vista como verdades absolutas e universais para noutro instante nos desfazermos como uma roupa velha. Quando adolescentes nos iludimos facilmente em relação a realidade, fantasiamos coisas e seres e acreditamos piamente no poder de transformá-los a nosso bel prazer.... a inocência faz parte do processo e a ingenuidade que antes nos servia como escudo, quando crescemos torna-se um empecilho. Se quisermos caminhar seguros a rota da evolução, devemos primeiramente sermos sinceros conosco mesmos em primeiro lugar, depois perante os outros! É aquela clássica pergunta: o quanto de verdade somos capazes de suportar?
A primeira ordem vigente que claramente percebemos ao nascermos é a instituída em nosso lar, quantos sim e não ouvimos até que finalmente poderíamos decidir por nós mesmos quais caminhos seguir... a escola com certeza foi a segunda e quantos professores não foram responsáveis pelo aprimoramento de nosso ser? Mas quantos também não foram cruéis ao extremo de não darem créditos ao nossos sonhos... ao se fazerem porta voz da verdade muitas vezes emitiam juízos que mais se assemelhavam a uma tentativa de justificarem os fracassos de suas vidas.
Diante de uma mídia alarmante e sensacionalista, onde a tragédia trasmuta-se em pontos no ibope, as pessoas respiram o pesado ar da insegurança e da descrença. Como se não bastasse ficar oito horas acorrentadas a tarefas que lhe são impostas arbitrariamente, ainda são "obrigadas" a suportar o peso das tribulações alheias.
filosofiahindu@hotmail.com disse...
A poesia sempre embebedou-se nas fontes da loucura e do delírio, as percepções alteradas, seja por drogas - como no caso de baudelaire ( haxixe, ópio, vinho ), cruz e souza (chá de lírio,etc - ou por um divino extase de origem místico religiosa - tagore, murilo mendes, cecilia meirelles - provocam um arrebatamento que o poeta se transforma num verdadeiro Hermes, um mensageiro que se encontra na linha fronteiriça entre o que se convencionalmente chamamos de real e de espiritual. O poeta é um médium, é um ser que consegue ver além do tempo e do espaço, para ele não existem véus nem barreiras, tudo se mostra claro e límpido, as coisas se revelam de forma imediata e espontânea. A poesia é o instrumento, é sua morada, é onde ele faz vísivel, é onde ele materializa sua substância que é éterea e imutável... o espírito se corporifica... o poeta vivifica as palavras com seu ritmo e coerência. Como diria o filósofo francês Blaise Pascal: "Todos os homens são loucos e aquele que se diz são comete outro tipo de loucura". Mas não iremos nos entregar ao eufórico clima dionisiaco nietzscheano, ao contrário, iremos recorrer ao fantástico mundo abordado pelos loucos e não tentar interpretá-los mas compreender a sua unidade, única, singular e em sua percepção, perfeita, por que não?boas produções poéticas...
Hoje podemos adotar muitos pontos de vista sobre o mesmo assunto... Posso abordar um tema a partir de um ponto de vista global ou particular. As questões referentes ao consumo de drogas provocam discussões polêmicas que sempre irão envolver a família, a sociedade e o estado. As esferas públicas e privadas precisam se fundir se quiserem chegar a um ponto em comum que beneficiem e auxiliem de fato aquele que verdadeiramente precisa: o dependente químico.
Não basta fazer uma análise social e buscar as causas do problema, seria o mesmo que querer fazer um raio x na perna de um soldado com a perna quebrada em meio a guerra.
A verdade é que desde os primórdios os homens utilizavam certas substâncias no intuito de alterarem sua consciência, de poderem entrar em contato com uma realidade que transcendia sua percepção... Muitas destas substâncias tiveram e até hoje tem um caráter místico religioso. São tratadas de maneira sagrada e as pessoas que dela se utilizam sabem de suas responsabilidades e consequências. Num outro tópico poderemos abordar de forma mais aprofundada, no entanto não é este o foco principal desta abordagem.
Estamos falando de um problema de importância capital na evolução da humanidade. Todos possuímos certas necessidades e carências internas que precisam ser satisfeitas à luz da razão. Não basta buscar a felicidade fora de si, nem mesmo fazer com que a verdade seja refém de algo exterior a nós mesmos. Mas precisamos analisar o porquê de tantas pessoas buscarem nas drogas o alívio para suas frustrações e inibições... e se quisermos sermos mais ousados, afirmaremos que existem também aqueles que "aparentemente" não possuem "carências" mas que recorrem ao seu uso de forma sistemática e corriqueira e que se por um lado não apresentam os visíveis sintomas - desleixo com a aparência, desequilibrio nas áreas sócio afetivas, econômicas, religiosas, etc - que caracterizam o dependente químico - principalmente aquele que está no "fundo do poço" - possuem em si mesmo o gérmen da dependência latente.
Cresce assustadoramente a porcentagem dos usuários de drogas e os motivos são os mais variados possíveis, todavia, ao contrário do que poderíamos supor, o principal ainda continua sendo a curiosidade. Só para citar um exemplo: seríamos capazes de catalogar em quantos filmes o uso drogas aparece associado a imagens de bem estar e prazer? Não sejamos hipócritas; o uso de drogas, principalmente no ínicio, produz uma sensação de prazer e é descabível e desnecessário o relato dos iniciados... Também não podemos deixar de atestar o número daqueles que delas se utilizam por um breve intervalo de tempo e que não encontram necessidade de buscarem ajuda para poderem se desvencilhar da dependência, na verdade nem mesmo chegaram a desenvolver. Mas o perigo reside justamente aí, na impossibilidade de dosarmos a quantidade ideal para cada organismo, esse valor é uma constante inclassificável, visto estarmos tratando de seres únicos e individuais. Não é só! Quantas pessoas ao usarem o crack não ficaram viciadas na primeira latada? Sem dúvida, o crack possui um efeito devastador, incrível o seu potencial, a sua capacidade de destruir o ser socialmente, moralmente, espiritualmente, materialmente, enfim, não é a tôa que até traficantes que nunca usaram a lhe classificam como a "droga do diabo". Ela afeta o que de mais íntimo e precioso nós possuímos a capacidade de nos amarmos. Ela suga e retira paulatinamente o caráter da pessoa, cegando-a e deixando-a a mercê do destino. Precisaríamos de um tópico inteiro para abordarmos essa droga que com certeza é uma das mais indesejáveis em nosso meio, visto que sua presença é sinônimo de dor e desespero. Onde quer que se encontre o crack, ali estará a violência em sua forma mais brutal e letal.
Para não ficarmos demasiado extensos, não podemos deixar de abordar as leis que regem a sociedade em relação ao tratamento dispendido ao usuário. Quem é o usuário de drogas? É um criminoso? Qual o seu crime? Perante Deus com certeza a destruição de seus corpo, o templo do espírito. Perante a sociedade, as vezes nenhum. Ora, quantas pessoas fumam na maior tranquilidade seu baseado e nem por isso deixam de cumprir quase que religiosamente suas funções sociais. Nunca faltam ao trabalho, sempre andam bem asseados, são pessoas respeitáveis, que não deixam transparecer os sintomas de sua dependência. Esses são com certeza os verdadeiros doentes, são os mais cegos, pois não se acreditam portadores da dependência e muitos creêm piamente que são capazes de deixarem as drogas quando quiserem, eis sua maior ilusão.
As drogas atuam no organismo de forma similar, não distiguindo ricos ou pobres, bons ou maus, seu efeito é o mesmo, não digo isso em relação as viagens, pois com certeza as pessoas que possuem maus pendores serão sempre pertubadas pelas más viagens... trata-se de questões subjetivas e este por enquanto não é o caso. Vamos tratar do físico, do vísivel, daquilo que não pode deixar de ser diagnosticado e tratado enquanto é tempo. Os neurônios ainda são objetos de estudo e no futuro poderão ser contemplados como células regenerativas. Não nos cabe aqui delinear um quadro negro simplesmente pelo fato de sermos contra o uso de drogas, definitivamente não, mas não podemos deixar de perceber que as pessoas que delas fizeram uso por um tempo prolongado mais cedo ou mais tarde irão sentir na pele as consequências: perda de memória, baixo poder de raciocínio lógico, falha no pensar refletindo no agir, perda de funções motoras, lesões nos sistemas cardiovasculares, respiratórios, digestivos, etc, isso sem contar no stress, na depressão e nos distúrbios de origem comportamental e sexual, enfim a lista de males seria intermináveis. E o mais triste é que o mais das vezes as pessoas já estão comprometidas de tal forma que aparecem muitos sintomas ao mesmo tempo, desinteresse pelas coisas que antes lhe proporcionavam prazer, distanciamento dos amigos e familiares, descrença na espiritualidade, enfim....
O melhor meio de se ajudar um dependente é através do diálogo e da troca de experiências. A mútua confiança se faz necessária se alguém deseje realmente ajudar. É imprescindível a compreensão de que se trata de uma doença incurável e não de uma simples falha de caráter. Não se trata de um vagabundo mas de um doente: esta mudança de perspectiva é essencial para que se possa efetivar de fato o auxílio. As principais armas que devem ser usadas para combater o uso de drogas ainda serão o amor que une, a esperança que pacientemente confia na divina providência e a admissão do quanto somos impotentes para mudar o comportamento alheio sem a ajuda do envolvido. O dependente também desempenha um papel fundamental visto que a verdadeira recuperação se dá a partir do momento de que há um envolvimento verdadeiro do mesmo com sua "doença". "Só Por Hoje" "Muita Força"
Num mundo dito globalizado, podemos discorrer livremente sobre qualquer assunto sem o medo de sermos excomungados e lançados covardemente numa fogueira... no entanto... somos responsáveis perante nossa consciência sobre o que está sendo dito. Não temos idéia de quem serão nossos leitores...
Gostaria de lhes comunicar o inefável, o indizível, escolher belas palavras e interessantes temas, entretanto sobre aquilo que não podemos falar devemos nos calar!!!
As palavras possuem aroma, cheiro, sons, tonalidades diversas que suavizam a forma pela qual se expresssar; a preocupação pela linguagem sempre foi tema recorrente nas principais obras filosóficas de todos os tempos... nunca houve sequer uma separatividade entre a purificação da alma e a sublimação das palavras que reunidas numa sala possuem o encantador efeito de nos levar a uma dimensão harmônica ou caótica!!! A sua essência está fundamentada no conhecimento de quem escreve, sendo refém de sua sensibilidade e percepção. No entanto o sujeito que lê reflete... o conhecimento não nasce de uma submissa passividade, cega e arbitrária que digere todos os pensamentos sem um príncipio seletivo, natural e progressivo.
O que são as palavras senão o melhor meio de revolucionar o pensamento de toda uma geração?
A palavra não é apenas meio, é fim em si mesma. A instrumentalização da razão e da palavra possui a doce ilusão de que o conhecimento também não é um fim em si mesmo. Na contemporaneidade isso pode soar mal, mas é o preço que pagamos por descuidarmos de certos aspectos essencias: por exemplo. O porquê da educação e da aprendizagem. O que a primeira vista nos aparece como algo simples é de extrema importância no ato de educar. O educador precisa fazer com que o aluno pense sobre o próprio ato de pensar... A metafísica da linguagem. Até que ponto as imagens verbais não nos remetem a um estado de extâse e de manifestação de um conteúdo existente em outra dimensão. A dimensão éterea e universal abarcada pelos olhos de Deus!!!!!!
esse é só um esboço de alguns temas que dá pano pra manga...