Latentes Viagens

Este espaço é um experimento aberto, amplo, intuitivo e original. Liberto das amarras acadêmicas, sistêmicas e conceituais, sua atmosfera é rarefeita de ideias e ideais. Sua matéria prima é a vida, com seus problemas, desafios e dilemas. Toda angústia relacionada ao existir encontra aqui seu eco e referencial. BOA VIAGEM!



O nome de Pablo Escobar ainda irá ecoar por muito tempo, principalmente na memória e história da Colômbia, que ficou notoriamente reconhecida e estigmatizada pelas atividades ilícitas empreendidas pelo seu mais ilustre filho. No fim da década de 70, consumido pelo ávido desejo de conseguir a todo custo seu primeiro milhão, Pablo, que já tinha se destacado na juventude pela clandestina venda de provas e gabaritos no colégio, se transforma num dos maiores narcotraficantes do planeta, constando seu nome na lista dos homens mais ricos e procurados no mundo.  A primeira vista pode se tratar de apenas mais um criminoso, que como tantos outros, percorreu o interminável ciclo de misérias, sofrimentos e privações e diante deste calamitoso quadro optou, de forma consciente, por dedicar sua vida única e exclusivamente a realização de atividades ilícitas e criminosas, obtendo com isso, além de muito dinheiro, poder e prestígio perante as classes de dominantes e dominados. Mas a história e vida de Pablo Escobar, confunde-se com a história de seu próprio povo e país. A Colômbia, assim como a maioria dos países que foram colonizados na América, é regida por uma elite oligárquica que pouco se importa ou se sensibiliza diante do sofrimento alheio. Diante das injustiças sociais promovidas por quem ocupa o topo da pirâmide, Pablo cometeu um erro que iria, a médio prazo, custar-lhe a própria vida: a sua entrada no mundo político. Iniciado no universo do crime por um padrinho, Pablo rapidamente alcançou e ocupou lugar de grande destaque na organização. Responsável por liderar as famosas diligências carregadas de material contrabandeado, sendo a principal mercadoria os famosos cigarros do Paraguai, cabia-lhe a importante tarefa de subornar e negociar diretamente com as autoridades e policiais que por ventura obstruíssem seu caminho. Conhecido por sua admirável capacidade de liderança e inata frieza, seus primeiros passos foram conduzidos pela nata do crime colombiano. Acompanhou de perto as práticas adotadas pelos chefões e o nascimento de um vantajoso comércio que futuramente lhe renderiam milhões, proporcionando-lhe uma fortuna, literalmente, incalculável: o tráfico de cocaína. Ao percorrer os campos da Bolívia, Peru e Venezuela, teve acesso ao modus operandi dos maiores traficantes na época, observando rotas, pontos e estratégias, desde a fabricação do produto até a sua entrega. Pode observar e aprender com os melhores as táticas de suborno e corrupção, cujo irretocável esquema envolve o pagamento de volumosas quantias de dinheiro a uma temerária rede de pessoas, constituída desde políticos a militares. Teoricamente seriam responsáveis pela defesa dos interesses e a segurança do povo mas na prática, se preocupavam muito mais com o próprio bolso. Pablo se extasiava perante a maestria com que conduziam os negócios pois sabiam que o bom andamento, assim como a própria liberdade, dependiam das elevadas cifras repassadas em formas de propinas, subornos e extorsão. Desta prática nasce a famosa frase e jargão utilizada quando as situações assim exigiam: "plata o plomo" (prata ou chumbo). Ao seu modo, podemos dizer que, estava no lugar certo e na hora certa. Surgia, ali, naquele cenário selvagem e inóspito, um dos mais lucrativos negócios do planeta. Num curto período Pablo assistiu a morte de um por um de seus antigos patrões. Em pouco tempo, com certa facilidade, assumiu o posto deixado pelos seus pares, pois além da naturalidade com que tratava certas questões e conflitos, tinha conhecimento completo de como se desenvolvia os tramites do obscuro negócio. Não demorou para perceber que seria muito mais vantajoso e rentável, promover o plantio em seu próprio solo pois além de economizar na construção de clandestinos laboratórios e pistas de pouso, muita das vezes inacessíveis, poderia contar com a mão de obra indígena e dos povos da selva gerando um custo beneficio imensurável, unido o útil ao agradável.  Com sua experiência, recém adquirida por sua perspicaz argúcia, aliada a uma séries de fatores que futuramente seriam apontados como os principais elementos de sua infalível receita de sucesso - o status conferido ao seu produto que naquela época se encontrava nos espelhos e bandejas mais chiques de Miami, a ausência de esquema de forte aparato de segurança e vigilância nos portos e aeroportos  - "el patron" se tornou o maior comercializador do país, quiçá do mundo. Sua família de origem humilde e pobre passou a ocupar os melhores bairros de Medellín. Mesmo usufruindo de todas as benesses promovidas pelo dinheiro e pela riqueza lhe faltava o que para muitos homens ainda é essencial: a aceitação das pessoas que legitimamente possuíam o poder. A elite oligárquica da Colômbia recusou a aceitá-lo em seu meio, proibindo-o inclusive sua presença num famoso clube frequentado pela mais alta sociedade. Mediante esta recusa não tardou para que se vingasse. Corrompeu todos os funcionários do clube, oferecendo-lhes adiantado, uma grande quantia de dinheiro, correspondente a um ano de seus vencimentos, para que despejassem um caminhão de terra na piscina e destruíssem o campo de golfe, assim foi feito. Este estilo e maneira de lidar com as adversidades lhe renderia uma extensa lista de desafetos e inimigos, além de uma certa animosidade e resistência em certos setores da sociedade, principalmente o político. No final de 77 e início de 80, tudo ia de vento e pompa para a família Escobar, o mundo conspirava ao seu favor e mesmo não sendo aceito em certos espaços, circulava por todo tipo de ambiente com liberdade e desenvoltura pois os ricos passaram a lucrar com a presença daquelas pessoas que pagavam por seus imóveis à vista e em dólar. Os grandes beneficiados foram eles, pois com a vinda destes novos emergentes, a economia atingiu altos índices inflacionários. O mercado imobiliário, por exemplo, sofreu uma incrível alta nos preços, o que fez com que milhares de pessoas lucrassem em cima dos traficantes além de gerar uma crescente especulação no setor. Mas, Pablo, homem de gênio forte, imbuído de uma ambição desmedida e que só respeitava e obedecia ao próprio juízo e vontade, facilmente seria vítima de si mesmo. O seu ego não resistiu aos sedutores apelos emitidos por sua insana sede de poder e cedeu ao primeiro golpe: sua entrada na política. Mesmo sendo aconselhado por, praticamente, todos membros familiares, dos riscos desnecessários que corria e das funestas consequências que este tipo de exposição poderia acarretar a sua família, Pablo fechou os ouvidos e seguiu firme em seu propósito. Não bastava ser possuidor de uma das maiores fortunas do mundo, o dinheiro por si mesmo não exercia nele nenhuma atração, era preciso mais: o poder. Eis um dos maiores enigmas deste homem. Mesmo sendo dono de uma biografia repleta de excessos e extravagâncias que vão desde a compra de carros de corrida a dromedários, aviões a um jogo de prato avaliado em R$1.200.000,00, helicópteros a aero barcos, mansões a iates,  o mesmo ostentava muito pouco perto de seus amigos e companheiros que sempre utilizavam acessórios banhados a ouro. Nunca usou correntes, colares ou pulseiras, apenas um fino relógio e roupas caras mas sóbrias. O que contrasta com a suas manias e com seus objetos de desejo. Pablo comprou uma fazenda que logo batizou de Nápoles em homenagem a famosa cidade mundialmente conhecida como berço da máfia. Nela o mesmo construiu três zoológicos com a presença de mil animais das mais diversas espécies. O zoológico era aberto aos finais de semana, de graça, para todas as pessoas. Certa vez, seu filho, Juan Pablo, o indagou, porque não cobrava ingressos, pois isso poderia lhe render um bom dinheiro, o mesmo respondeu laconicamente que não podia, pois os animais eram do povo, logo o povo não pode pagar para ver o que já é seu. Além de um profundo amor pela família possuía um incomum senso de justiça e humanidade com seu próprio povo o que lhe rendeu os mais diversos tipos de honras e homenagens no dia de seu enterro. Até então um homem rico, porém desconhecido. No ano de 1982, pela primeira vez, seu nome é citado nos meios de comunicação de massa, e uma revista o publica como reportagem de capa. Segue-se a construção de casas e de centenas de estádios de futebol. Sua política populista logo o torna uma figura conhecida e aclamada pelo povo. Porém, sua presença incomodava e produzia um certo mal estar em vários políticos que sabiam a escusa origem de seu prestígio e riqueza. Seu nome foi rejeitado por um conhecido político e logo em seguida foi expulso. Este episódio, seria o início de uma guerra civil com proporções devastadoras, envolvendo a morte de milhares de pessoas, entre elas civis e uma legião de militares, jornalistas, políticos, juristas, juízes, advogados ou qualquer um que interpusesse qualquer obstáculo no seu caminho. As maiores atrocidades foram cometidas neste período, que vai de 1982 até o dia de sua morte em 2 de dezembro de 1993. Uma verdadeira guerra foi travada nas inúmeras tentativas frustradas de capturar o inimigo número 1 da pátria, que acabou assassinado (ou morto por si mesmo, há controvérsias) por policiais. Para quem quiser se aventurar nesta temática recomendo dois livros, o primeiro escrito pelo seu filho Juan Pablo "Pablo Escobar: Meu Pai" e "Pablo Escobar" de Alonso Salazar. Espero ter despertado o interesse por este homem que sabiamente um dia disseram que seria objeto de estudo. Superando qualquer dicotomia ou interpretação de viés moralista, recomendo a leitura e o estudo para todos aqueles que desejam sinceramente conhecer a vida e a personalidade do homem Pablo Escobar.                         


você pode até penar 
um deserto atravessar
mas mesmo assim
alguém vai lhe provar

você pode até sonhar
e um dia realizar
mas mesmo assim
alguém não vai gostar

você pode até rezar
com Deus conversar
mas mesmo assim
alguém vai questionar

 
você pode até amar 
dizer que vai perdoar   
mas mesmo assim 
alguém vai lhe julgar

você pode até cair 
mil vezes levantar
mas mesmo assim
tentarão lhe empurrar

você pode até sorrir 
o coração alegrar 
mas mesmo assim
um dia irá chorar

você pode até mentir
fingir e ignorar
mas mesmo assim
nada se ocultará

 
você pode reclamar
até não aguentar 
mas mesmo assim
tudo vai continuar

você pode até negar
dizer que não vai mudar
mas mesmo assim
o tempo irá lhe mostrar


  você pode desistir
e querer se acomodar
mas mesmo assim
a vida não vai parar

você pode até ser
um ser interestelar 
mas mesmo assim
não vão acreditar

 
você pode até prever
o que irá se realizar
mas mesmo assim
muitos vão duvidar

você pode até fazer
o milagre de curar
mas mesmo assim
irão lhe apedrejar

você pode até dizer
que veio para amar 
mas mesmo assim
irão lhe crucificar

  
você pode até morrer
para outros se salvar
mas mesmo assim
alguém se perderá

por isso não duvide
não deixe de acreditar
neste mundo é impossível 
todo mundo agradar!!!


Durante muito tempo, esquivei-me de descrever, de forma clara, detalhada e sucinta a exposição desta teoria, que por mais simples que seja sua criação, por enquanto, continua sendo, de minha autoria. Pode parecer arrogância, prepotência ou fruto do meu orgulho, mas tive o cuidado de digitar no google e confesso que não encontrei nada que se relacionasse direta ou indiretamente ao tema. Olha só que ironia, no país de semi analfabetos, cuja maioria das pessoas não possui sequer o hábito da leitura, o que dirá, dos estudos tecnológicos e científicos, temos que ficar justificando os nossos arroubos criativos como pecados a serem confessados no escaninhos da consciência: a nossa síndrome vira lata nos impede de contemplar e aceitar a criação do outro como sendo produto de sua própria mente e inteligência. O nascimento da filosofia está intimamente ligada ao despontar dos primeiros físicos e matemáticos. Em sua fase embrionária a filosofia buscava as respostas para a origem e principio do mundo e das coisas na matéria. Com o passar do tempo passou a procurar no interior do homem, inaugurando a psicologia: conhece-te a ti mesmo já dizia Sócrates. Sempre foi recorrente o uso de termos da física, dentro da terminologia filosófica, para a exemplificação de determinados conceitos. No século XIX por exemplo, o filósofo alemão, Friedrich Nietzsche, recorreu ao conceito de vontade de potência que entre outros sentidos e significados pode ser interpretado como uma força atuante que nos leva a romper com os próprios limites. Ao me deparar com este universo, recém formado no curso técnico de Eletrotécnica, comecei a decodificar a linguagem técnica científica para área de humanas, em especial a psicologia. Para isso, precisei estar munido de alguns conhecimentos da física: de suas leis (ação/reação, causa/efeito) e áreas de atuação, no caso o eletromagnetismo e o estudo dos circuitos elétricos. O circuito elétrico, nada mais é, do que a ligação de elementos elétricos. Para poder facilitar a compreensão e o entendimento dos conceitos que gostaria de expor, vamos nos ater a um circuito elétrico simples, formado por um gerado e um resistor. O gerador, como o próprio nome diz,  é responsável pela conversão de um tipo de energia em energia elétrica, é quem gera energia para o circuito. Todo circuito, para poder operar, normalmente necessita de uma tensão (voltagem=V), corrente (intensidade=I) e resistor (resistência (R) o que origina, como resultado: a potência (P). A fórmula apresentada pela física se dá da seguinte forma. V= RI, P= VI, logo P=RI². Mediante estas considerações, tentarei discorrer sobre o que entendo ser a psicologia do circuito elétrico. Vejamos: imagine por um segundo, nosso ser e nossa vida. Qual a nossa fonte de energia? O que impede de realizarmos os nossos desejos, vontades e anseios? Por que temos dificuldade em resistirmos a certas vontades? O que aconteceria se sempre agíssemos de acordos com nossos mais primitivos impulsos, os instintos? Como você reagiria se eu lhe dissesse, com toda certeza e convicção, que o segredo de sua existência está dentro de você mesmo? Nada que alguém já não tenha dito, mas se eu lhe disser, além disso, que você é um circuito elétrico? Ou melhor, você é responsável pela construção ou não desta imensa usina de energia que alguns chamam de ser e outros alma ou espírito. Você acredita? Primeiro vamos analisar nossas lutas, desafios e dificuldades, isto gera uma tensão. Se a tensão for zero a potência, que aqui chamo de potência do espírito, será zero, conforme a fórmula indicada acima. Olhe a importância de uma vida marcada por dificuldades. Pode parecer contraditório, mas quanto maior a tensão, ou seja, quanto maiores as dificuldades, maiores serão o acréscimo de potência do espírito. O espírito não cresce sem tensão (dificuldades), corrente ou intensidade (desejo) e franca resistência (a tudo que nos faz mal). Uma pessoa que nasce em berço de ouro terá acesso a uma vida de poucos problemas (desafios) e facilidades. É de se esperar que a mesma utilize sua energia no desenvolvimento de suas faculdades e dedique o máximo de tempo no cultivo de suas potencialidades, no entanto se optar por uma vida acomodada e quiser por mero capricho de sua vontade permanecer na zona de conforto, terá sua tensão reduzida a zero o que significa que a potência de seu espírito também irá zerar. Lembre-se sempre isso, o circuito elétrico, assim como nossa mente e alma, possui um arranjo em que as partes dependem do todo e o todo depende das partes. Para que o circuito funcione de forma harmoniosa, e principalmente, gere energia, e seja capaz de acender uma luz, no caso da alma, a luz espiritual, é necessário que certa energia entre em movimento. A corrente ou intensidade corresponde ao nosso desejo, a nossa vontade. A medida de nosso desejo irá fornecer o número exato da intensidade, quanto maior o desejo, maior a corrente, logo a potência. Se queremos algo, devemos querer com todas as nossas forças e não devemos medir esforços para sua concretização. Para isso, temos que nos opor a certas coisas. Para irmos por um caminho, temos que evitar mil outros, ou seja, temos que resistir aos nossos impulsos inferiores, marcados pelos instintos, caso quisermos realizar algo de verdadeiramente nobre e superior. Se não resistirmos aos apelos emitidos pela carne, dificilmente iremos conseguir realizar a potência do espírito. Para o espírito alcançar o seu máximo de potência em todos os sentidos, níveis e esferas precisa estar munido de um forte desejo, resistir conscientemente a tudo aquilo que nos afasta da realização deste objetivo e claro, aprender com os desafios e dificuldades, pois sem tensão sua potência não aparecerá.  Dito isso, resta-nos concluir, que para podermos alcançar a potência do espírito em sua plenitude, não podemos fugir dos desafios da existência. Os desafios existem para serem enfrentados e combatidos, nunca para nos paralisar. Não devemos deixar de sonhar, pois a corrente da vida flui através da renovação de nossos desejos e vontades.  E, claro, nos tornar responsáveis por nossas escolhas, sabendo que tudo nos é lícito mas nem tudo nos convém. Resistir a tudo aquilo que nos faz mal, além de aumentar nosso vigor e energia nos mantém vivos, ativos e atuantes. Espero ter sido claro e objetivo, desejo a todos boas reflexões...                 

devastaram o planeta 
perderam o cometa 
choros e gemidos
exilados na sarjeta
onde está o capeta
que por tudo é culpado 
até no outro mundo
está sendo procurado
umbral foi revirado
nada foi encontrado
além do próprio homem
e seu estado atrasado
é bom tomar cuidado
para quê tanta pressa
as vezes num segundo 
todo mal se manifesta
num convite pra festa
virada numa balada 
vampiro te observa 
para o bote se prepara
armadilha armada
cercada de sorrisos
oferecem carreiras
um canudo preciso
parece impossível
difícil de acreditar
no inimigo invisível
pronto para atacar 
perito em iludir
na arte de enganar
principal objetivo
nossa alma roubar
como sacrifício
oferecido no altar
"se não posso ser feliz
ninguém jamais será"
aqui é sem frescura
panos quentes massagem
depois da sepultura
não existe maquiagem
parece até viagem
fantasia fictícia
em outra dimensão
ainda existir vida
versão proibida 
não será traduzida
filme sem legenda
pelo demo dirigida 
o beco é sem saída 
não adianta chorar
é só questão de tempo 
pra consigo se encontrar


Depois de alguns anos, em que passei fingindo acreditar em alguns teóricos e psicólogos do saber, venho vos dizer, com toda coragem e ousadia, que passei a pensar por mim mesmo e a ouvir a minha própria voz. E como isso é difícil. Depois de ter sido iniciado na filosofia, vivenciei, como todo principiante, alguns ritos de passagem: do senso comum ao senso crítico, da emoção à razão, do particular ao universal, do privado ao público, da substância ao ser, daquilo que acho àquilo que é, das minhas mais enraizadas certezas nasceram as mais profundas dúvidas e como consequência: as mais belas respostas. Meus questionamentos estavam intimamente relacionados aos mesmos sugeridos e realizados pelas religiões: quem sou, de onde vim e para onde vou. Apesar de existir uma grande celeuma e controvérsia sobre os verdadeiros objetivos - se é que existe algum - e razões de ser da filosofia, supondo que exista uma que seja de fato, legítima e verdadeira, ouso dizer, que prefiro me ater, ao seu sentido original de amiga da sabedoria. O filósofo seria, por excelência, o amigo do saber. Ao subirmos a escada do conhecimento, percorrendo, vagarosamente seus degraus, somos obrigados a admitir que não existe uma única escada e nenhuma delas é construída da mesma forma e do mesmo jeito. Algumas sobem, outras descem, outras sobem e descem, se erguem numa espiral, outras desaparecem, longínquas, enquanto outras surgem, inesperadamente, e assim visualizamos o nosso e os demais destinos, na imensidão de planos e possibilidades. Difícil para o filósofo descer de sua torre de marfim e admitir publicamente para si e para os outros que não será capaz de abarcar a totalidade do real através de sua ótica pessoal e particular. Gostaríamos de acreditar e ingenuamente alimentar, a crença, de que, uma vez, que alguém chegue a determinada altura, seja capaz, não só, de nos relatar o que viu mas de nos levar pra lá imediatamente, ignorando o trabalho e esforço que o mesmo teve em sua subida. O mesmo poderá no máximo apontar o caminho, segurar pelos braços e nos levar, mas teremos que decidir, por nós mesmos, se iremos acompanhá-lo ou não. Este simples ato de entrega exige uma postura de confiança e fé cega. Acreditamos que percorrendo o mesmo caminho daquele que chegou por si mesmo a reconhecer um horizonte amplo e totalmente diverso deste que nos é imediatamente apresentado, seremos capazes de ver e perceber da mesma forma e do mesmo jeito as mesmas coisas, o que é impossível, haja vista a nossa constituição psíquica ser única, ímpar, singular e pessoal. Esta aparente relativização do ser das coisas no leva de encontro a nossa exclusiva maneira de agir, sentir e pensar, pois não podemos pautar nossa existência somente naquilo que os outros dizem, mas principalmente nos critérios estabelecidos pela nossa própria percepção e sensibilidade. Não podemos ser reféns da experiência pessoal alheia, devemos percorrer com nossos pés e mentes o nosso próprio caminho para podermos dizer algo de novo para nós mesmos e para o outro. Eis o primeiro passo para a criação de algo verdadeiramente único, exclusivo e original.

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GINO RIBAS MENEGHITTI

Admiro todas as pessoas que ousam pensar por si mesmas.

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A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.

O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

A imaginação é mais importante que o conhecimento.

Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada.

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