meus nervos estavam sendo devorados
pela habitual monotonia dos astros
e pela crucial devoção ao relógio
me sinto constrangido ao agir
ao pensar, a somar e a subtrair
movimento mecânico e repetitivo
que me lança ao fogo do destino
ao imprevisível lance final
desejei profundamente dormir
dormir eternamente se possível fosse
mas meus olhos não se fecham
e minha alma nunca dorme
nem mesmos meus desejos me abandonam
e meus instintos e podridões se fazem visíveisaos olhos de todos,
dos amigos e inimigos mais próximos
a escuridão não é minha morada preferida
nem mesmo uma opção diante da vida
mas o meio dia me assusta e me espanta
se ao menos fosse possível uma meia sombra
cadê as pessoas que se diziam crentes?
onde estão os fundadores das novas igrejas?
onde estão agora rezando suas missas?
para que e para quem?
quem são seus santos protetores?
mais um dia se desenrola ligeiro diante de meus olhos
eu parado observo,
e quero simplesmente fazer nada
deixe a cama como está, deixa a vida como está
deixe estar como está e pronto,
hoje não quero mudar
quero aceitar a rotina, a máxima decência do sistema
na calma inabalável de um monge operário
que curte o som neo budista das máquinas
quero romper o silêncio dos famigerados
quero soluçar ao lado dos desesperados
quero visitar a escuridão e sacudir os abismos
e iluminar as almas desavisadas
quero emitir um julgalmento, ao mesmo tempo vil e são
doentiamente salutar na ignóbil histeria da vida
quero entrar no segundo tempo e logo em seguida ser substituído
quero entoar um novo hino anti nacional
quero viver a vida como ela é sem ilusões ou falsas distrações
quero gritar ao mundo que eu existo e estou vivo
e agradeço aos deuses por não terem me ensinado a dançar
de acordo com seu ritmo frenético e tonteante
viva a pílula da felicidade,
viva as mais profundas miragens
viva as ilusões e aos mártires...
e toda decência profana que repousa nos braços da insanidade
14
de
Postado por
Gino Ribas Meneghitti
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