converto a loucura em sabedoria
meu corpo em espírito
e minha alma em energia
vivo pela poesia subversiva
sem critérios, sem críticas
como o ar que você respira
transpiro palavras ocas e vazias
sem sentido, sem rima, sem sina
embebida de vontades várias
moro na cidade louca, devassa
lava a casa, varre a roupa
maldita empregada,
louco, torto e desajeitado
não tenho relógio,
não possuo carro
ninguém reparou no meu novo penteado
em meu peito carrego o seu retrato
e ela está com um novo namorado
tristeza: como é triste entristecer...
deixo nesse copo minhas lamentações
minhas queixas e reinvidicações
invento um mundo novo
um outro plano
crio espíritos, e acredito na realidade dos sonhos
esquizofrênico, bipolar, hereditária doença psíquica
sou um suicida em potencial,
com vistas a evoluir na perspectiva de um horizonte parcial
não enxergo além dos meus sentidos
meu ser, fragmentado pela espécie, geme
sentir na própria pele o valor e o preço do pecado
pudera eu sair por aí amando as pessoas e ser louvado
ao menos ser agraciado com um sorriso sincero e espontâneo
me banharei nas águas da incerteza
e não aceitarei mais o que é certo do que o duvidoso
queria correr mundo, romper fronteiras
confundir o atlântico com o pacífico
e instaurar uma nova geografia
me conte, de onde vem tal vontade
me dê respostas, eu te forneço juízo
empecilho sentido, dentro de mim
em silêncio fico.
rotulo imagens e enumero os dias
na pobreza de minha humana percepção
tudo está mudado, e eu enterrado
nesse corpo prisão...são?
em meu peito carrego amores adormecidos
paixões irrealizáveis, desejos inconfessáveis
e uma grande necessidade de ser compreendido
não quero comungar de um amor metafísico,
invisível e sem sabor de Terra...
não quero rezar a um deus insensível,
que de longe nossa dor contempla.
nem mesmo me revoltar contra o sistema
contra o estado ou com as minhas quimeras...
só posso brindar ao amanhã...
ao novo mundo, a uma nova história...
a um novo amor.
No território invisível
sentimento abrigo
me acolhe, me envolve.
Seguro, sinto
um minuto de tédio
e em minha consciência
nobremente desfilam
funestos erros, hipócritas caminhos
ergo o cálice para brindar à maldição
transponho o delírio angustiante
nas asas serenas da compaixão
no silêncio rarefeito de idéias
a percepção do fim mais próximo
a terminologia do conceito mórbido
a transparência do cortejo lógico
a beleza do cheiro flores
na tristeza dos rostos lágrimas.
A vida sopro enalteço
mesmo debaixo da terra sinto
o coração petrificado gelo.
Na ânsia louca de ser arrebatado
por um anjo divino, imaculado
Grito, esberro, me calo
envergonhado, agora rezo!!
no templo corpo,
desfalece a alma
sonhos diluídos,
esperança morta!
Rastejo penosamente
sob a Terra;
vago errante
sombrios abismos;
desejo do Mundo
a coisa mais certa:
uma lápide para o homem
de poucos amigos.
avesso ao mundo real
me refugio no poema surreal
andando sob as nuvens
atravessando paredes
dilatando horizontes...
transmutando imagens em verdades
vivendo de crenças e miragens
pois a realidade nem sempre é ideal
e diante de minha pobreza material
me resta ao menos o consolo da palavra imortal
algumas pessoas, psicólogos, religiosos
me acusam de covarde,
por querer não ver
o que imediatamente aparece
diante de meus olhos
mas vejo além do tempo,
e sinto saudades do futuro
louco para uns... lúcido para outros...
que diferença faz para uns e outros?
sou um louco poeta em busca da felicidade
terei o enorme prazer em conhecê-la
dizem que antigamente ela aparecia com mais frequência
outros, principalmente os que morrem crucificados,
dizem que ela não é deste mundo
e começo a desconfiar dessa realidade...
felicidade é... aquilo que não é para todos...
e todos estão incluidos em mim
eu sou o olhar do outro
o outro reflete em mim seu estado d'alma
estamos interligados numa teia multidimensional
cujo aparato intelígivel foi sutilmente ocultado
sob o manto de um místico significado
onde estão os magos, os feiticeiros
aqueles que detêm o verdadeiro conhecimento
os que lidam diretamente com a magia
com o prana, com a energia?
onde estão os mestres que ora pairavam em nosso orbe?
onde estão sendo realizadas as profecias?
onde estão?
felicidade é palavra ousada,
num mundo de almas penadas
onde o último se tornará o primeiro
onde a sabedoria se reveste de loucura
e nasce, humilde, numa manjedoura
se muitos querem um bmw,
outros com um jumento se contentaram
e muitos dizem que a vida é "loka",
a vida não é "loka" é louca
mas louca de verdade "mano"!!!
nossos transitórios tecidos carnais
contínuamente reconstituídos...
tornamo-nos outro
sendo sempre o mesmo.
Na superação dos opostos,
o tempo passa
e o riso, escudo necessário
revigora a espera da herança.
paciência pra ciência: pacífica essência
internalizada superfície externa
a geografia da alma se mostra densa
complexa e inusitada.
caminhos diversos compõem o mesmo cenário
as estrelas testemunham o sagrado
pois de longe, e do alto, sempre é mais fácil
nos vermos a imagem e semelhança de Deus
a poesia não salva na memória da vida
virtual satisfação, consumo somente imagens
me prostituo constantemente,
vendendo meus desejos anseios e interesses
ao mercado poético externo
na alma vitrine, contemplo a humana vaidade
à custa de sangue e suor alheio
milhares colhem aquilo que não plantam
como não lembrar de quem fabricou meu sabonete?
não, só porque comprei, tenho o direito
eis o maior erro dos terráqueos...
nunca estamos sozinhos...
alguém colocou botão em nossas calças
e com ele a íntima dependência...
todos dependentes, várias dependências.:
químicas, físicas, sociais, banais, ilusórias...
come, bebe, trepa e xinga...trabalha danado
na construção de um mundo caduco e decadente
prestes a lhe consumir os ossos órgãos do finito corpo
Sinto que nasci irreversivelmente doente
portador de uma moléstia incurável e invisível
sou o porta voz da demência insuperável
sou a consequência da miséria implacável
a ausência de um amigo divino
respiro com desalento e desencanto
e reinvindico o passado vivido e imaginado
tenho todos os motivos para chorar
e para me entregar ao pranto
estou inteiramente convencido da mediocridade terrestre
destarte sou o som que transfere para a alma a verdade
sinto sono e facilmente me disperso
infinitamente insaciável
um bicho feroz e indomável
que grunhe no anseio de ser atendido
suplico ao alto meus desejos e anseios
suspiro por um mundo mais justo e mais humano
como uma criança que ingenuamente reza a Deus
para acabar com a fome do mundo
revolucionários da terra, uni-vos... eu vos suplico!!!
meus nervos estavam sendo devorados
pela habitual monotonia dos astros
e pela crucial devoção ao relógio
me sinto constrangido ao agir
ao pensar, a somar e a subtrair
movimento mecânico e repetitivo
que me lança ao fogo do destino
ao imprevisível lance final
desejei profundamente dormir
dormir eternamente se possível fosse
mas meus olhos não se fecham
e minha alma nunca dorme
nem mesmos meus desejos me abandonam
e meus instintos e podridões se fazem visíveisaos olhos de todos,
dos amigos e inimigos mais próximos
a escuridão não é minha morada preferida
nem mesmo uma opção diante da vida
mas o meio dia me assusta e me espanta
se ao menos fosse possível uma meia sombra
cadê as pessoas que se diziam crentes?
onde estão os fundadores das novas igrejas?
onde estão agora rezando suas missas?
para que e para quem?
quem são seus santos protetores?
mais um dia se desenrola ligeiro diante de meus olhos
eu parado observo,
e quero simplesmente fazer nada
deixe a cama como está, deixa a vida como está
deixe estar como está e pronto,
hoje não quero mudar
quero aceitar a rotina, a máxima decência do sistema
na calma inabalável de um monge operário
que curte o som neo budista das máquinas
quero romper o silêncio dos famigerados
quero soluçar ao lado dos desesperados
quero visitar a escuridão e sacudir os abismos
e iluminar as almas desavisadas
quero emitir um julgalmento, ao mesmo tempo vil e são
doentiamente salutar na ignóbil histeria da vida
quero entrar no segundo tempo e logo em seguida ser substituído
quero entoar um novo hino anti nacional
quero viver a vida como ela é sem ilusões ou falsas distrações
quero gritar ao mundo que eu existo e estou vivo
e agradeço aos deuses por não terem me ensinado a dançar
de acordo com seu ritmo frenético e tonteante
viva a pílula da felicidade,
viva as mais profundas miragens
viva as ilusões e aos mártires...
e toda decência profana que repousa nos braços da insanidade
Na inteligibilidade platônica de seu conceito
a sóbria sabedoria soberba sucumbe solitária
ao contemplar a concretude de sua subjetiva miragem
perante a dionísica percepção futura
apenas um lacônico grito fugaz,
desesperadoras linhas rotas traçadas,
geometricamente seguras se desfazem ao som das trombetas quânticas
figuras, belamente compostas por uma simêtrica racionalidade ideal
dissipam-se no ar das convenções
as físicas leis pairam acima das nuvens de conceitos
nas superposições entre suas invisíveis esferas
o saber desdobra-se em partes
embriagado viajo por estas dimensões
em que oníricas imagens se despem
e se cobrem continuamente
num neurótico desvelamento da linguagem
numa febril materialização das mentais imagens
tudo se toca e se transfere,
espelho da mente que se fere
que se quebra
tudo se torna um!!!
num jogo de infinitas incompreensões
tudo se mostra e se revela
como realmente é.
em toda sua profundidade
em toda sua essência
o homem se encontra perpetuamente livre e sempre,
Criador de Si Mesmo
Espelho Transfigurador
Criador de Sentido e de Imagem
De cheiros, sons e sabores
espectador e protagonista
da cômica tragédia cósmica!!!
Vejo no cemitério,
camas bem postas pela empregada Vida
sinto vontade de me transformar em um louco devasso
de abrigar em meu peito a loucura
me lançar errante nos abismos
beijar todas as mulheres
fazer um longo e sincero elogio a promiscuidade
gostaria de gozar a vacuidade da vida
sua mesmice equatorial
gostaria de acreditar no destino
que vejo nas linhas da palma de minha mão direita
acreditar nos astros e astrólogos,
nos bispos, pastores, políticos e pecadores
ser arrebatado por uma profética visão
que me elevasse a um mundo novo e distante,
longe das muralhas sociais,
dos grilhões estéticos e modernos
livrar-me de toda ciência e de toda epópeia,
principalmente as escritas às avessas
quero deitar na terra molhada
me sujar na lama feito uma criança
balbuciar bobagens na esquina de uma rua qualquer
com pessoas que nunca vi na vida
deliciar-me com uma canção antiga,
conhecer uma canção nova,
e não querer saber de mais nada
viajar pelo universo,
na vertiginosa velocidade do pensamento
entoar um lírico poema inacabado, imperfeito e descompassado
incoerente, assimétrico, louco e insatisfeito
vociferar palavras inusitadas no ouvido de um surdo funcional
acabar com os critérios de avaliação pessoal
abolir os rótulos e títulos,
principalmente os acadêmicos,
exterminar com animalesca fúria todos os vocativos usados no distrito federal
vomitar reflexões e razões nas cabeças dos desafortunados de saber
nos pobres de compreensão,
nos catadores de midiático lixo industrial
inaugurar uma fecunda era,
de gostos e temas diversos, insuspeitáveis
rasgar com destemida coragem o véu da hipocrisia e do preconceito
lutar pela igualdade de direitos e de privilégios
acabar com os ares de imponência e de importância que se dão os falsos pedantes
quero mudar de planeta, de cosmos, de constelação,
quero subir ao infinito
e tocar harpas com os anjos, quem sabe não nasce uma banda?
quero me embriagar e me entristecer
e saber que no meu coração só lembro dela
e é ela que é a culpada: a cachaça!
Nesta semana fomos surpreendidos pela notícia de que em 2014 o Brasil será responsável pela realização de um dos maiores eventos mundias: a Copa do Mundo. Esta notícia, num primeiro momento, foi recebida como um coroamento da exemplar organização dos jogos olímpicos, reflexo de uma união conjunta das esferas públicas e privadas, com notória participação da sociedade como um todo - visto o número de pessoas que ajudaram voluntariamente, sem qualquer tipo de remuneração. No entanto, devemos admitir, que a reforma e a contrução de novos estádios de futebol não deveriam estar presentes de forma ostensiva na pauta do dia, afinal, muitos deveres de casa ainda precisam ser feitos. Cabe-nos perguntar quais os verdadeiros benefícios, ou se ousarmos avançar em nossas reflexões, quais serão os verdadeiros beneficiados.
Comumente ouvimos, principalmente em discursos políticos, o termo povo brasileiro, de forma a generalizar e caracterizar o conjunto de pessoas que vivem no território nacional. Dito isso, seria correto afirmar que, se o povo brasileiro será beneficiado na realização da copa em seu país, isso incluiria eu, vc e todos que habitam nosso país. Será? Os benefícios serão repartidos de forma democrática ou de forma indireta? Ora, primeiramente devemos refletir sobre os possíveis benefícios. Os benefícios não são de origem subjetiva, imaterial, ao contrário, primam pela sua concretude e imediatez: hotéis, restaurantes, empresas que fazem os transportes aéreos, a cbf, e os demais responsáveis pela arrecadação do dinheiro dos ingressos, etc... Um dos principais argumentos que poderíamos defender em função da realização da copa no Brasil seria o aumento de novas chances de emprego, mesmo que seja de caráter temporário. Outro forte argumento seria projetar mundialmente nosso país de forma a resgatar a importância da floresta amazônica, da nossa cultura e de nosso povo, ao mesmo tempo mostrar o quanto somos capazes de participar ativamente do processo de globalização, etc.
A grande questão está em saber quanto investimento será necessário na construção e reforma dos estádios sem nos esquecermos das prioridades, ou seja, educação, saúde, segurança e energia. Grande soma de dinheiro público será utilizado na construção e reforma de estádios. Não basta aceitar cegamente por simples impulso emocional o fato de sediarmos um dos maiores eventos mundiais que envolve uma paixão nacional. Não seria desvantajoso atentarmos para uma possível análise de custo benefício e verificarmos quem seriam os verdadeiros beneficiados.
Quais as prioridades do estado?A construção de estádios de futebol? De hospitais? De escolas? De presídios? De casas populares? Será que não deveríamos participar ativamente da forma com que nossos governantes gastam o dinheiro que recebe o nome de público? Estas são as principais questões que devem ser defendidas e refletidas pelo "povo brasileiro" como um todo.