1
Hoje, podemos dizer e escrever o que quisermos, com a grande vantagem de termos a certeza de sermos ouvidos, lidos e analisados. Por outro lado, o menor ruído politicamente incorreto é capaz de despertar os ouvidos mais rudes e grosseiros.
2
Nas redes sociais, podemos emitir um apelo desde a morte das baleias ao excesso de glúten nos alimentos.
3
A busca por uma vida saudável e equilibrada tornou-se nosso vício e obsessão, nossa mais moderna e justificável forma de fuga e distração.
4
Enquanto tudo parece conspirar para o fim ignoramos o soluço e gemido emitido pelo outro em nossa imaginação, pois na realidade não temos tempo nem vontade de testemunharmos, ao vivo e a cores, a dor e o sofrimento alheio. Tudo se passa no mundo das ideias e a fantasia toma as cores da realidade, que lhe empresta uma tonalidade fatalista e trágica, mas bem distante de nossas vistas e olhares.
5
Não basta crer na nossa irresponsabilidade pessoal diante de certos quadros, fatos e situações, é necessário desconstruir a ideia de Deus, dos valores morais e religiosos.
6
Ninguém se satisfaz apenas com seu pequeno ponto de vista particular e pessoal, é necessário disseminar e categorizar seu modo de vida como verdade única, absoluta e universal.
7
Ninguém ousa questionar seus defeitos e vícios pessoais, ao mesmo tempo que querem ser, de forma infantil, tola e ingênua, reconhecidos por suas supostas virtudes e qualidades - adjetivos que mudam ao sabor do vento e de suas paixões.
8
O mundo líquido proposto por Bauman, continua sem identidade e sua feição assume um ar de desconfiança, indiferença e descrédito por tudo aquilo que é e que um dia, ainda sim, será: o nascimento, a doença, a velhice e a morte.
9
O relativismo impresso nas redes sociais e nas páginas da Wikipédia nos fornecem um novo sentido para a palavra verdade.
10
O prazo de validade estendido ao mundo das ideias é a novidade produzida no intuito de abarcar fiéis e devotos ao descartável modo de agir, pensar e raciocinar.
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O imediatismo de um clique a cada compra com o cartão de crédito tende a nos revelar os níveis superficiais com que lidamos conosco, com o outro e com os objetos.
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Não por acaso, Nietzsche, em pleno século XIX, já previa o aforismo como o estilo filosófico por excelência: breve, curto e direto, perfeito para atender as exigências e demandas de uma sociedade sem paciência, tempo e vontade de se aprofundar em determinadas questões com método, critério e profundidade.
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