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Este espaço é um experimento aberto, amplo, intuitivo e original. Liberto das amarras acadêmicas, sistêmicas e conceituais, sua atmosfera é rarefeita de ideias e ideais. Sua matéria prima é a vida, com seus problemas, desafios e dilemas. Toda angústia relacionada ao existir encontra aqui seu eco e referencial. BOA VIAGEM!

A dependência química é uma doença incurável, progressiva e de determinação fatal. Seu diagnóstico é de difícil detecção visto que somente seu portador pode afirmar que o é. Vários são os motivos que podem levar as pessoas a usarem drogas entre eles podemos destacar os principais fatores: cultural, social e curiosidade. Movidos pelo ímpeto das novidades e para se auto afirmarem perante o grupo, milhares de jovens se aventuram por um caminho que muita das vezes se afigura sem volta. A primeira vista parece um exagero esta consideração, mas ao analisarmos friamente os números levantados pelas estatísticas iremos constatar que somente três por cento das pessoas que desenvolvem a dependência conseguem interromper o seu uso e ter sua vida de volta. O primeiro contato e estimulo ocorre de diversas formas. Acima de tudo devemos nos lembrar que nossa sociedade é essencialmente alcoolista e todos nós em algum ponto da existência já usamos drogas. Num primeiro momento, pode parecer absurdo mas ao questionarmos seriamente as pessoas, poucas seriam aquelas que não saberiam dizer qual o gosto de uma simples cerveja. As pessoas são impelidas, estimuladas a terem um comportamento ditado pela regras sociais e de convivência além da mídia que propaga e divulga o consumo de álcool como algo positivo, onde jovens se divertem felizes e contentes: seus belos corpos e alegria contagiante nem de longe corresponde a realidade de quem vive o drama de ter um familiar ou mesmo ser vitima direta do alcoolismo. O álcool, ao contrário do que é apregoado, é um droga pesadíssima e seu uso continuo leva a degradação física, mental, espiritual e social. A perda de auto estima, de amor próprio, de dignidade e auto respeito são apenas alguns dos aspectos negativos e perniciosos além das discussões, do desequilíbrio nas relações sócio afetivas, no ambiente de trabalho, no seio familiar e social. A pessoa se transforma num membro improdutivo da sociedade e sua vida torna-se em todos os sentidos e aspectos totalmente disfuncional. O  mesmo perde uma das mais preciosas faculdades de todo ser humano: o direito de fazer escolhas. Não tendo mais o poder de controlar a própria existência, se torna dependente da substância, de pessoas, lugares e principalmente de seu próprio comportamento insano e auto destrutivo. É interessante notar que um dos efeitos mais deletérios ocorre na personalidade do indivíduo, como passou anos se escondendo atrás do uso de substâncias que alteram seu humor, ele é incapaz de lidar com a vida como ela é: não amadureceu, pois não se confrontou; não se deu a oportunidade de crescer perante os desafios e adversidades normais da existência: preferiu fugir, se esconder, interromper seu processo evolutivo para ceder aos apelos imediatos do instinto e do prazer. O seu auto engano, a sua imaturidade e principalmente suas vontades, de origem egocêntrica, tirânica e individualista o levou a cometer os mais excêntricos abusos e excessos. Incapaz de olhar para si mesmo sem o véu das sensações promovidas pelas drogas, o mesmo se habituou a viver numa cortina de ferro, que só pode ser aberta mediante uma auto avaliação honesta, para tanto é preciso ter a mente aberta e uma dose generosa de boa vontade. Um dos maiores prejuízos sofridos por quem fez ou faz uso de qualquer tipo de substância é o déficit no seu coeficiente emocional. O mesmo não possui as ferramentas necessárias para lidar com os problemas que surgem no cotidiano da vida de qualquer pessoa, procrastina aquilo que deve ser feito no aqui e agora. Isto pode ser percebido no adiamento daquelas tarefas que comumente achamos chatas, pequenas e monótonas, como arrumar a cama, estender a toalha, arrumar as gavetas, colocar as coisas em ordem. Levando para aspectos mais relevantes da vida podemos perceber que se trata essencialmente de um pessoa que não sabe cuidar de si, que possui descuidos com seu aspecto pessoal. A maioria dos dependentes são pessoas imaturas e irresponsáveis que possuem a estranha mania de culpar pessoas, hábitos e lugares pelos seus fracassos, não assumem as rédeas da sua vida, são os primeiros a apontar e a fazer críticas ao estado, a família e a sociedade. Eternos insatisfeitos buscam a causa de seus problemas no exterior, se preferível, bem longe de si próprios, não passa pela suas cabeças que a causa de tantos males, insucessos e fracassos resida ao contrário, bem perto, dentro deles mesmos. Se tornaram mestres da manipulação, anos convivendo com uma farsa que acabaram por se tornar a própria, vivem sob a máscara do orgulho e da prepotência, arrogantes, se julgam melhores do que realmente são e vendem a imagem de serem possuidores de grandes virtudes quando na verdade sofrem de um terrível mal: a adicção.  O seu comportamento é totalmente modelado pelas convenções externas e não possuem parâmetros internos para auferirem seu auto valor. Caem repetidas vezes em avaliações errôneas sobre si mesmos e sobre as pessoas a sua volta, projetam suas insatisfações e não possuem nenhum pudor em apontar os erros e defeitos dos outros e da sociedade. Não possuem a honestidade para fazerem uma auto análise sincera, de reconhecerem em si mesmos os seus defeitos, não possuem a coragem e a lucidez para se auto criticarem, são verdadeiramente cegos em relação ao universo interno de si mesmos. Não se conhecem, por isto julgam, e ao julgar se sentem superiores somente para ocultarem a sua própria inferioridade, que se viesse a ser descoberta poderia distanciar aqueles que são objetos de suas atenções e mantenedores de seu estado de espírito doente, carente e deplorável. É possível a toda pessoa que sofre deste mal se recuperar desde que peça e aceite ajuda, desde que possua o real e sincero desejo de parar de usar. O uso deve ser interrompido imediatamente, e não há escolha: a abstinência deve ser completa e total. Uma para eles é muito e mil não bastam, uma vez que tenham ingerido qualquer quantidade de qualquer substância por mínimo que seja, já basta para desencadear a abertura de um ciclo vicioso marcado pela obsessão e pela compulsão de usar. A obsessão corresponde ao aspecto mental da doença: a sucessão de pensamentos e ideias relacionadas ao uso. A compulsão ao aspecto físico: uma vez que se inicia o uso não consegue parar. É uma doença com um poder extremamente auto destrutivo, de grama em grama de bar em bar o usuário vai cavando com suas próprias mãos o seu fundo de poço. Muitos acreditam que somente ao atingir este nível de completa destruição o indivíduo se rende e busca de fato as vias da recuperação. Muitos permanecerão no auto engano justamente pelo fato de não presenciarem e não atingirem este nível, pois sua doença se oculta na aparência dos jogos sociais, profissionais e familiares. Como possui relativo equilíbrio e não sofreu nenhum dano e perda grave acredita-se detentor do controle e dono de sua própria vida, ledo engano. Muitos não precisaram chegar ao fundo de poço para reconhecerem que possuíam sérios problemas com as drogas, inclusive o álcool, bastou uma auto analise sincera para poderem admitir que eram impotentes perante o uso. Isto varia muito, de pessoa para pessoa, pois é muito difícil definir e estabelecer, como foi dito acima, os parâmetros para afirmar que uma pessoa é realmente dependente. Um dos melhores caminhos para aqueles que querem e podem se tratar, é o encaminhamento as comunidades terapêuticas que ofereçam tratamento especializado baseado nos doze passos da irmandade de Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos. Os passos se resumem em princípios espirituais que se postos em prática levam o indivíduo a ter um contato consciente com Deus e a ter uma vida positiva, saudável e produtiva. É de suma importância as frequências regulares as reuniões. A prática do programa possibilita um crescimento efetivo e satisfatório. É possível perceber a mudança em questões de dias: o físico é o primeiro a manifestar as diferenças e a adoção de novas ideias e princípios provoca uma mudança na mente, que passa a canalizar suas energias para a recuperação. O espiritual é totalmente renovado pois há uma mudança significativa na sua personalidade, ou seja, o mesmo além de evitar pessoas, hábitos e lugares, procura novas pessoas, novos ambientes e novos hábitos que além de agregar valor acrescente algo positivo em sua vida. É uma mudança que se dá paulatinamente, dia após dia. As vinte e quatro horas são adotadas como meio para aliviar o peso do passado e o medo do futuro: é uma medida terapêutica para que o indivíduo possa exercitar sua liberdade diária, sem perder o foco e a diretriz do essencial, que é não usar, custe o que custar. Um adicto limpo em pouco tempo colhe os benefícios da sua abstinência. Além das pessoas a sua volta notarem a diferença, ele recupera dia após dia a sua liberdade e sobretudo a sua vida, que se torna alegre e divertida sem necessitar de fazer uso de nada, pois já tem tudo: a própria vida.

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GINO RIBAS MENEGHITTI

Admiro todas as pessoas que ousam pensar por si mesmas.

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