Com muita alegria e satisfação aceitei o desafio de ser mais um
colaborador a integrar o vitorioso time do jornal Leopoldinense. Por mais que
esteja habituado a escrever e discorrer sobre diversos temas, confesso ter sido
invadido por aquele "frio na barriga". Diferente daquela ansiedade e
insegurança promovidas pelo medo de não agradar, essa sensação nasce do
compromisso que tenho perante minha consciência e a sociedade, de expor e
defender cada ideia de acordo com os ditames da ética, da beleza e da razão.
Por mais que goze da confiança conferida pelo editor de expor meus
pensamentos de uma forma livre, tentarei primar, sobretudo, pelos interesses
coletivos e sociais, abordando temas e assuntos que possam agregar e
acrescentar algo de bom e positivo na vida dos leitores. Colocarei à disposição
da sociedade, algumas informações relativas à minha experiência com a
dependência química, alcoolismo e recuperação, além de abordar temas atuais sobre
política, educação e cultura.
O ato de escrever, além de ser uma dádiva divina é, ao contrário do que
muitos possam acreditar, resultado de um esforço contínuo e permanente. Nem
mesmo os maiores gênios literários, considerados seres sensíveis e
profundamente inspirados, inclusive por uma força oculta e transcendente, escapam
à tarefa: todos os seus insights
foram frutos de um árduo processo de leitura e reflexão. Como diria Clarice
Lispector, “só se aprende a escrever, escrevendo”, pois não existe excelência
sem prática e determinação. Acredito na lapidação constante de quem se propõe à
hercúlea tarefa de buscar dar o melhor de si em qualquer atividade que venha a
exercer, inclusive na prática da escrita.
Para além do ato de escrever, tenho grande interesse na formação de
novos leitores e em exercer uma influência positiva e benéfica na vida das
pessoas, principalmente em relação aos mais jovens, os quais, muitas vezes,
nunca se empenharam na leitura de livros, revistas e jornais. Poderíamos
enumerar diversos benefícios advindos do hábito de ler, entre eles destaco: o
enriquecimento do vocabulário, maior domínio da língua portuguesa, a melhora
significativa na escrita, aumento do fluxo mental de informações, expansão da
consciência, facilidade ao se expressar, maior oportunidade de emprego,
conhecimento de si mesmo, acesso a outros saberes, dinamismo nas relações
interpessoais, maior capacidade de abstração, aumento da concentração,
desenvolvimento da criatividade e um belo exercício da imaginação. A leitura
opera, de fato, transformações em nossas vidas. Além de provocar um imensurável
prazer, exerce o doce fascínio de nos levar a um novo universo, e para isso só
precisamos de um pouco de boa vontade e mente aberta. O que num primeiro
momento pode parecer um sofrimento insuperável, num segundo se transforma em um
hábito, quase um vício, que dificilmente pode ser extinto naquele que se vê
como seu portador. O livro abre portas, rompe fronteiras e oferece um leque de
possibilidades construtivas e inesperadas ao leitor. Pode ser a simples
constatação de um fato histórico à leitura do horóscopo. Realmente é
fascinante, benéfico e saudável exercitar a mente, estimulando a imaginação e a
criatividade. A leitura de um bom livro alimenta a alma, amplia nosso horizonte
existencial e descerra as portas da ignorância, ajudando-nos a descortinar e
promover o desenvolvimento de nossas potencialidades latentes, além das já
afloradas. É pena, entretanto, perceber que, com o advento dos meios de
comunicação em massa, em especial a internet, estejamos perdendo o hábito e o
costume de nos dirigirmos as bibliotecas e bancas.
A leitura, porém, não é um instrumento interessante aos
que desejam perpetuar o seu domínio opressor, pois forma, educa e
esclarece. Uma massa culta com pensamentos críticos não aceita e não
deixa ser manipulada de forma cega e omissa, afinal a formação de
leitores está intimamente associada à ideia da formação de um povo
consciente, que reflete e questiona. Quem pensa discute, analisa e
pondera, age menos por impulso e não permite ser docilmente conduzido
por ideologias e maneirismos estranhos ao seu modo de sentir e
pensar. De todas as armas presentes em nosso mundo, com certeza a
leitura é a mais poderosa na destruição da ignorância e na extinção
da miséria moral e intelectual dos povos. Toda iniciativa que não visa à
libertação das consciências, aprisiona, condena e escraviza, daí a
importância de se priorizar a educação e a criação de políticas
públicas voltadas para a formação de novos leitores. Só assim os grilhões
da ignorância serão rompidos.
Ler é crescer, ampliar e expandir nossos horizontes, é nos desenvolvermos
enquanto seres pensantes e portadores das mais diversas faculdades. É um
processo catártico que nos funde a uma série de universos que se desdobram num
processo lento, seguro e o principal: realmente necessário. É um manancial de
sabedoria e riqueza que oculta em seu interior a mais singela beleza e o
verdadeiro sentido e significado que repousa em nossa essência.
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