Desde dos primórdios a filosofia assume o papel de mediadora entre o discurso emitido pelo senso comum – pautado na opinião (doxa) - e o pensamento científico e racional – baseado na verdade (aletheia). A filosofia nasce a partir do momento em que passa a buscar uma explicação racional para a origem (arché) do mundo, recusando e criticando a cosmogênese de ordem mítica e religiosa, fundando, em certo sentido, uma nova maneira de pensar, sentir e agir no mundo.
Quem ousaria, nos dias de
hoje, admitir e proclamar, que os resultados obtidos nas últimas eleições são
fruto da ausência de estudos aprofundados na área de filosofia e sociologia,
não só na grade curricular mas sobretudo na formação cultural dos brasileiros.
Ao contrário dos europeus que gozam desde do berço de uma herança científica,
filosófica, artística e cultural secular, anos luz de distância, nós insistimos
em reproduzir e copiar os modelos existentes.
A classe dominante nunca
viu com bons olhos a emancipação política, econômica e social dos dominados. No
fundo sabe muito bem o perigo que isso representa, pois a liberdade de pensar
por si mesmo pode desatar as algemas que lhe prendem à cega submissão e
obediência. Criam-se elos de servidão e dependência e passamos a enxergar o
mundo sob a ótica do opressor.
As políticas pedagógicas
transcendem as questões de gênero e perpassam pela elaboração de metodologias
que levam em consideração o meio social em que o indivíduo está inserido. A
adoção de um modelo educacional que reproduz o status quo vigente ou que tão somente atende aos interesses do
mercado tende a manter e limitar a elevação do saber e da consciência popular.
Daí a importância de formamos educadores que tenham como principal missão a
formação de uma consciência ativa e crítica, que consiga por si mesmo atingir a
tão famigerada maioridade kantiana.
Uma das principais
medidas políticas dos gregos na elaboração de sua democracia, que também era
representativa, visto a exclusão das mulheres, velhos e escravos foi a
laicização do estado. Separar política e religião é uma das mais belas formas
de respeito e de organização da sociedade. Num retrocesso de mais de dois mil
anos, caminhamos em direção contrária, testemunhando as mais tolas bizarrices e
sandices em nome de Deus. É inaceitável o fato de alguns ministros imporem sua
cartilha em função de sua crença religiosa. Como disse numa outra oportunidade:
a guerra nunca será santa.
Nos resta acordar e
levantar na esperança de dias melhores, mas sabendo que os mesmos não virão
pelas mãos dos políticos. Cada qual em sua cidade, bairro e rua pode se transformar
no agente da mudança que espera para si e para os outros. Boa sorte, torço por
isso.
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