A
grande maioria de nós, brasileiros, possui apenas uma vaga noção da
configuração geográfica, política e econômica do país, o que nos impede
de reconhecer e visualizar os verdadeiros agentes e mandatários da nação.
Banqueiros,
empreiteiros e multinacionais andam de mãos dadas com um grupo de
latifundiários, empresários e industriais, cujos principais
empreendimentos se concentram desde o agronegócio, às grandes indústrias
de energia (petróleo), transporte (automóveis), mineração (minério de
ferro) e bebidas (cerveja).
Em seguida, podemos enumerar uma série de políticos, juízes e militares,
além do poder do clero e, claro, a grande arquiteta, simbolizada pelo
olho que tudo vê: a Rede Globo e os meios de comunicação de massa,
leiam-se mídia e imprensa.
Difícil
é acreditar que os defensores desta ordem e deste progresso,
além de serem recrutados na base da pirâmide, são obrigados a servir e
se alistar para defender com unhas e dentes os interesses de quem oprime
a si e ao seu povo.
Enquanto
adotarmos uma postura de conivência e submissão aos ditames impostos
por este modelo piramidal de globalização, os tentáculos do capitalismo
tendem a esmagar a maioria da população que se contenta em reproduzir e
se enquadrar nos moldes e padrões preestabelecidos.
Enquanto
não formos incentivados a criar e a repensar um novo caminho para o país
estaremos destinados ao fracasso. Até quando seremos reféns da
mediocridade, do medo e da covardia? Necessitamos de pessoas sérias e
dispostas a realizar algo de relevante em prol da população.
Gostaria
de, ao invés de apontar os erros e as injustiças, propagar as soluções,
mas não existe nenhuma intervenção mágica e de fácil resolução.
Demandará tempo, paciência e energia, pois ainda iremos assistir alguns
espetáculos de gosto duvidoso; cômicos se não trágicos.
A
competitividade, a especulação em torno da economia, as respostas
simplórias e reducionistas que exemplificam um profundo desconhecimento
do assunto, o qual pode ser contemplado nas respostas vazias e evasivas
"o
problema é a crise internacional" "os juros, a inflação". Na verdade,
várias são as razões e causas desta questão. Ainda somos vítimas dos
grandes monopólios de terra e
de renda.
Uma
minoria hipócrita, que não acredita e nunca acreditou na melhoria
efetiva do país, que sempre se beneficiou da esfera privada, que nunca
se privou de nada em benefício do povo, que sempre se julgou superior e
intocável pelas leis vigentes em nosso país, começa a se render aos
fatos de que, futuramente, as pessoas possam novamente reivindicar seus
direitos à força. Por isso elas temem a elevação da consciência e lançam
um olhar perverso sobre a realidade.
Enquanto
o povo permanecer escravizado, lutando pela sobrevivência com baixos
salários e assumindo a responsabilidade por toda mão de obra pesada,
iremos assistir passivos a passagem de bravos espíritos que tão somente
exemplificam e nos mostram, através de sua vida e de seus atos, os
verdadeiros valores que deveríamos admirar e respeitar.
A
agricultura familiar, o desenvolvimento sustentável, a abertura de
novos mercados, o investimento maciço na educação de base, a revisão dos
bens exportados e importados, a descentralização do poder e a adoção de
medidas para impedir o avanço da inflação, como o investimento em
outros meios de transporte e energia são formas inteligentes de encarar
certos problemas ou se preferimos, assumirmos desafios.
A
crença passiva de que alguém será capaz de resolver todos os nossos
problemas e conflitos num passe de mágica é o que nos mantém cativos de
nós mesmos, prisioneiros do tempo e escravos da esperança.
Por
outro lado, somos motivados a enxergar as transformações operadas em nossas
próprias vidas. Se por um lado conseguimos visualizar as alterações que
podem e devem ser operadas no interior do sistema, por outro, ousemos
admitir que só podemos e devemos mudar a nós mesmos.
Mesmo
que as coisas piorem e os problemas se multipliquem, existem outros
meios e formas de mudar o mundo em que vivemos. Cada qual em sua área,
exercendo sua atividade, buscando dar sempre o seu melhor. Acredito que
um dia iremos viver num país decente, afirmando nossa identidade,
reconhecendo nossos valores e nossa capacidade de crescermos e
evoluirmos através de nossa inteligência, persistência e criatividade.
Contamos
com pessoas criativas, que acreditam na mudança e que operam,
silenciosas, a verdadeira revolução: a de consciências. Pessoas que
teimam em permanecer fiéis aos princípios esposados. Que vivem em função
daquilo que acreditam e creem ser correto: a ética, o respeito, a dignidade.
Conheço
muitas pessoas que não abrem mão de serem reconhecidas como honestas,
que se fiam na palavra e no fio de bigode. Espero que possamos ser
responsáveis pela renovação e mudança, que se fazem tão urgentes e
necessárias. Nos resta agir em prol da melhoria efetiva em nossas
vidas, sabendo que a verdadeira mudança começa em nós mesmos.
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