Imagine por um segundo a seguinte cena: um professor de filosofia dando aula sobre a importância de nós pensarmos por nós mesmos, em seguida, o aluno emite um juízo e o professor indaga: qual filósofo sustenta sua argumentação? Por estas e outras, me distanciei sensivelmente do ensino acadêmico e de suas diretrizes, suas matrizes respiram o ar decadente de velhos embusteiros do intelecto, professores que se ocultam sob uma espessa névoa de conceitos, preenchidos por vãs miragens subjetivas, reféns do medo, do orgulho e da insana vaidade de se julgarem os únicos detentores da verdadeira interpretação e sentido de um texto. A maioria além de não permitir ao aluno criar suas próprias ideias e sistemas, de certa forma o impede de percorrer o seu próprio caminho, criar suas próprias sentenças, crenças e afirmações, afinal, quem ele pensa que é para poder ousar este movimento livre e criativo? Tenho certeza que muitos filósofos se estremeceram de raiva e pararam de ler este texto quando se depararam com a palavra "crença", afinal, na filosofia em nada se crê, tudo se sabe, mas ouso dizer que tudo se renova, inclusive o sentido aqui empregado. Temos a crença que para se filosofar é necessário recorrer a terminologia filosófica utilizada na academia, quando várias questões poderiam ser formuladas sem necessariamente apelar para seu próprio ensino inclusive. Realmente, a primeira vista pode parecer contraditório, para um professor de filosofia defender este tipo de ideia, mas os questionamentos mais importantes sobre a nossa existência está próximo não só do filósofo como do comum dos mortais. Não existe nenhum ser humano, em sã consciência que não tenha pensado sobre a morte, a origem da vida e dos seres, que não tenha de certa forma se espantando diante da existência. A condição para todo processo filosófico é a capacidade de se espantar, pois as coisas não são tão simples como parecem, a realidade das coisas não reside naquilo que elas aparentam, mas naquilo que elas são de fato, a cortina de elétrons, nêutrons e prótons vela a essência de todas as coisas, a combinação de certos elementos, a troca incessante de moléculas, partículas, de matéria, proporciona a ideia de um incessante fluxo que sugere a ideia do permanente movimento. Questionar por si mesmo a sua própria origem é um ato de extrema coragem e beleza, pois quem indaga, pensa, quem pensa, além de refletir, busca por respostas, e estas não estão prontas, como estão inseridas no devir, estão sempre em constante mutação, apesar de alguns possuírem a crença no mundo das ideias, na existência de um plano imutável que pode ser alcançado pela pura abstração do intelecto, ainda temos algumas questões perturbadoras que nos levam de encontro ao pensar filosófico. A certeza inabalável da morte física é algo que nos leva a questionar a finalidade da vida, apesar de muitos acreditarem na ocorrência casual dos fenômenos, de rejeitarem sistematicamente toda ideia que possa estabelecer um certo sentido para o caos, isto não quer dizer que a mesma não possua um sentido maior totalmente diferente deste difundido pela sociedade contemporânea, que se apoia no saber como meio para atingir a realização de seus desejos e anseios mais íntimos e próximos, nem tudo aquilo que existe pode ser medido, mensurado e tocado, pelo menos nos termos estabelecidos pela ciência de hoje, no futuro as pessoas poderão admitir a possibilidade de cada pensamento emitido pelo ser humano possuir uma frequência e peso específicos, o que parece invisível, leve e sem nenhuma propriedade latente poderá ser estudado sob a mesma perspectiva com que estudamos um objeto. O estudo do ser irá nos levar de encontro a algumas questões importantes, que ao serem tratadas por instituições de cunho religioso, por exemplo, provoca divisões, discussões e todo tipo de sectarismo, ainda estamos longe de alcançarmos uma base comum, seja no âmbito do discurso, das práticas e dos ritos, apesar de algumas se apresentarem mais como filosofia e ciência, é na esfera do religioso que se concentra as suas atenções, temos um fascínio por tudo aquilo que ainda não conseguimos entender e explicar de forma racional, necessitamos buscar novos meios e modos para podermos compreender e entender determinados fenômenos. As leis da física são regidas por observações e experimentos, e cada uma tem a sua função enquanto agente especifico naquele tempo e espaço, pois de acordo com o espírito de cada época, todo cientista, filósofo e artista goza de um pequeno resquício da eternidade, além de serem sempre evocados dentro dos colégios e das universidades, suas obras refletem sobretudo a tentativa de compreenderem a origem e o fim último de todas as coisas, imprimir um sentido universal através de sua lente particular sempre foram as principais tentativas de todos os sistematizadores e fundadores de religião, fazer com que sua crença na imortalidade seja aceita como algo dado sem passar pelo crivo da experiência e da razão é algo bem improvável, e poucos ousariam optar pela admissão pura e simples desta possibilidade, acredito piamente, que se todos tivessem o poder e a capacidade de desenvolverem suas faculdades e terem de fato a prova irrefutável de certos fenômenos e princípios a partir da analise e do conhecimento de si mesmos, o mundo estaria repleto de seres conscientes e despertos, seres que já se despiram da falta de humildade de reconhecer a legitimidade de um criador e da existência do espírito eterno e imortal, sem romantismo ou qualquer tipo de idealidade religiosa ou ancestral, o mundo perdido se transformaria no mundo a ser buscado, pois a esperança se tornaria certeza, e a nossa percepção do tempo e do espaço se dilataria pela eternidade dos anos, os números e a vida seriam reduzidas as suas justas medidas e proporções, o futuro não seria algo a ser temido, mas sim entendido e perfeitamente previsto e modificável, visto as dimensões do tempo estarem todas intimamente entrelaçadas pelas leis de causa e efeito, ação e reação, não nos cabe aqui, delinear um quadro e oferecer fartos argumentos para que as pessoas possam sair convencidas de sua imortalidade, mas podemos sim, estar certos que existem certos convites que não podem e não devem passar despercebidos a uma alma mais atenta e sensível aos apelos do intelecto. A formação de todos os seres perpassa pelo contato consciente com o Ser Superior imanente a própria criação, a nossa maior preocupação deveria ser pela busca incessante da verdade, custe o que custar, o desvelamento ininterrupto e continuo da realidade a nossa meta e a sensibilização gradativa das nossas potencialidades o alvo, pois somente através da educação, da sutilização do espirito poderemos travar um contato direto e imediato com os seres de outras esferas, sem nenhum tipo de obstáculo ou perturbação proveniente de nossa inferioridade e da nossa ignorância. Precisamos nos abrir a certas realidades, caso estejamos interessados na melhoria individual e coletiva do planeta, a criação de escolas destinada a educar pessoas que reconheçam a importância e a necessidade de preservamos os recursos naturais, de mantermos uma postura de respeito e de afeto pelo outro, de valorizar sobretudo as relações humanas, mais do que a relação homem máquina, de restabelecer o ser ao seu verdadeiro lugar, pois apesar de não sermos o centro do universo, é preciso exercer o auto respeito e o auto amor, isto só será possível com o estimulo e o incentivo de fazerem as pessoas pensarem e agirem por si mesmas, de forma autônoma, totalmente livre e original, para isso "serve" a filosofia!
perpétua poeira
no baú
dos sonhos
assimetria
de sentimentos
passados
loucos,
surdos,
desventurados
pequenos surtos
vendidos
por ambulantes
traumas varrem
minhas eternas
sequelas
nos escombros
do tempo
vasculho miragens
pilhagens
de memórias
estendidas
no varal
da vida
lavo
minhas máculas
no tanque
da existência
varro
a poeira
do desanimo
limpo
a gelatinosa
ideia
do fracasso
aceito
e acolho
a luz do dia
nos refolhos
da alma
surgem
as caravelas
da coragem
os fantasmas
da aurora
os desatinos
de outrora
a espera
de alguém
experimento
o vazio
dos dias
no silêncio
das horas
na imensidão
da saudade
nos oceanos
da vida
cicatrizes
abertas
ações
curam
feridas
alguém
parte
em busca
de tesouros
longínquos
em terras
estranhas
profundos
abismos
seres
desconhecidos
entoam
líricos hinos
fantasiam
as dores
mitificam
pecados
adornam
virtudes
enterram o ser
na virtualidade
do momento
pregresso
pressinto
o prenúncio
da carne
algema
invisível
que se
rompe
nos delírios
concretos
da noite
açoite
de desejos,
martírio
da vontade
estradas
repisadas
pelo caos
amaldiçoam
os bêbados
o trepados
e os sóbrios
sarcasmo
inerte
da matéria
os loucos
respiram
a margem
descansam
da cidade
suas retinas
viajam
nas dimensões
do ócio
nos abrigos
invisíveis
da alma
as sutis
sensações
do agora
navegam
na nostalgia
dos mares
respiram
a solidão
dos oceanos
acenam
alegres
para suas
próprias
dores
despedem-se
da humanidade
seu último
resquício
se despem
do imediatismo
da úlcera
suprema
vivem
no agora
livre
e fugaz
nada demais
ao homem
plantado
no chão
das convenções
e das certezas
cheio de si
e de outros
iguais
na mesmice
imposta
por suas
vistas
perece
o grito
sufocado
pela
aparência
se submete
ao crivo
e ao dito
dos dilemas!
ser
ou ter
eis
a questão!
talvez seja escravo da tristeza
ou mero servo da saudade
o que reside em meu peito
é a presença da vontade
toco o céu das cores loucas
dos tons cinzas de prata
o dia se despe, se despede
resta a noite, a madrugada
nem se quer por um momento
deixo de em ti pensar
será porque não me lembro
ou porque não sei amar
tanto faz se este verso
faz para ti algum sentido
ninguém no mundo sabe
a dor que no agora sinto
as palavras são pequenas
não podem expressar
a saudade dilacera
entristece o meu olhar
queria ser uma ave
para o céu atravessar
em um segundo estaria
pronto para te amar
os meus versos são simples
são escritos com verdade
o sentimento é verdadeiro
traiçoeiro como a realidade
sua presença na memória
me faz sempre despertar
menos um dia se aproxima
da hora de te beijar
seu olhar é algo doce
que eu gosto de fitar
ficaria a tarde inteira
somente a te observar
minha felicidade é simples
bem pequena e vulgar
está na sua companhia
no seu jeito de ser e estar
a longa distância me devora
me leva contigo a sonhar
não existe nenhum remédio
só me resta somente esperar
sinto vontade de te ver
somente lhe abraçar
contemplar a sua face
o brilho do seu olhar
é querer só estar perto
sem nada ter o que falar
ouvindo manso o silêncio
nós dois a se completar
escrevendo apaixonado
só eu sei como sou feliz
por ter você ao me lado
o amor é uma semente
no coração semeado
cresce assustadoramente
em solo apaixonado
estes versos singelos
eu fiz para você lembrar
que existe um homem louco
pronto para te amar
olho agora para o céu
imenso e estrelado
faço apenas um pedido
permaneça do meu lado