hoje escrevo
com as mãos engessadas
preconceito de ser um bandido
poeta lírico com endereço fixo
e hábitos acorrentados
a rotina é uma deusa pervesa
que com destreza adestra
e domestifica os humanos animais...
sou um relés mortal a ansiar
por desventurada liberdade,
num solo de aves de rapinas,
empresários, banqueiros e estelionátarios,
da frágil carne humana fresca
sou a decomposição
de uma sociedade desajustada
conspiro para que tudo acabe em cinzas,
ou desague num rio de lágrimas
sou o afugentado da senzala
a dois mil anos
pedindo sua carta de alforria
sou a tiazinha afogada
no corrego podre do gueto
sou o viciado,
deliquente fudido
a contemplar as fezes podres
que boiam na superficie do rio
sou o sanguinário
a derramar sangue
no dia de amanhã
sou a fada madrinha
que realiza a luz do dia
seus mais pérfidos
e íntimos desejos
sou um zé ninguém
a vociferar bestialidades
um irrísivel pigmento
a definhar sua sórdida carne
sou o vício incontido
do louco mendigo faminto
o escárnio maior
da sociedade capital
o verme autoritário
na esquina a lhe dar geral
sem ao menos poder lhe ver
como mais um igual
o ser desnutrido alheio
a comodidade brutal do sistema
lavo minhas louças divinas
na pia maniqueísta do dilema
o dia dia é meu hino de louvor
a um deus refugiado pelo diabo
sou o pobre comunista a sorrir
de um verso anarquista no muro pixado
eu sou o verso pobre e vil
recitado na periferia
de uma cidade mineira
o bebâdo de cachaça,
o bobo da corte,
que é desprezado
a torto e a direita
eu sou o sonho
de um poeta divagador,
eu sou o desejo renascentista
de um versado e por que não,
jurídico doutor
sou espelho incoerente
do outro que me vê
e sempre me viu
como vil demente
com as mãos engessadas
preconceito de ser um bandido
poeta lírico com endereço fixo
e hábitos acorrentados
a rotina é uma deusa pervesa
que com destreza adestra
e domestifica os humanos animais...
sou um relés mortal a ansiar
por desventurada liberdade,
num solo de aves de rapinas,
empresários, banqueiros e estelionátarios,
da frágil carne humana fresca
sou a decomposição
de uma sociedade desajustada
conspiro para que tudo acabe em cinzas,
ou desague num rio de lágrimas
sou o afugentado da senzala
a dois mil anos
pedindo sua carta de alforria
sou a tiazinha afogada
no corrego podre do gueto
sou o viciado,
deliquente fudido
a contemplar as fezes podres
que boiam na superficie do rio
sou o sanguinário
a derramar sangue
no dia de amanhã
sou a fada madrinha
que realiza a luz do dia
seus mais pérfidos
e íntimos desejos
sou um zé ninguém
a vociferar bestialidades
um irrísivel pigmento
a definhar sua sórdida carne
sou o vício incontido
do louco mendigo faminto
o escárnio maior
da sociedade capital
o verme autoritário
na esquina a lhe dar geral
sem ao menos poder lhe ver
como mais um igual
o ser desnutrido alheio
a comodidade brutal do sistema
lavo minhas louças divinas
na pia maniqueísta do dilema
o dia dia é meu hino de louvor
a um deus refugiado pelo diabo
sou o pobre comunista a sorrir
de um verso anarquista no muro pixado
eu sou o verso pobre e vil
recitado na periferia
de uma cidade mineira
o bebâdo de cachaça,
o bobo da corte,
que é desprezado
a torto e a direita
eu sou o sonho
de um poeta divagador,
eu sou o desejo renascentista
de um versado e por que não,
jurídico doutor
sou espelho incoerente
do outro que me vê
e sempre me viu
como vil demente
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