Latentes Viagens

Este espaço é um experimento aberto, amplo, intuitivo e original. Liberto das amarras acadêmicas, sistêmicas e conceituais, sua atmosfera é rarefeita de ideias e ideais. Sua matéria prima é a vida, com seus problemas, desafios e dilemas. Toda angústia relacionada ao existir encontra aqui seu eco e referencial. BOA VIAGEM!


Qual a origem do medo? O medo pode ser real ou imaginário, e talvez o medo existente na cavidade subjetiva se mostre de fato, mais real e forte do que o primeiro, pois o medo que nasce de um fator determinado pela realidade tende a ser dissipado logo se passe às circunstâncias que o ocasionaram, enquanto o imaginado tem a possibilidade de perdurar, e a lembrança de sua presença tende a se tornar a principal constante que perpetua o sofrimento imaginário e irreal.
Uma das principais criações mentais que nos aprisionam a um mundo de penas eternas, onde almas danadas são destinadas a se alimentarem do infortúnio alheio com um prazer imensurável é a imagem do inferno cristão, onde impera absoluto e intransigente o invencível diabo, que após ter decretado sua sentença, cabe ao supliciado, somente a misericórdia de uma alma boa e benevolente que lhe dedique um pouco de seu tempo e de sua atenção. A escassez de bons exemplos e de pessoas dispostas a participarem do aprimoramento da humanidade como um todo, tende a produzir um certo mal estar, gerador de insegurança e de uma contínua desconfiança. Por onde transitamos vemos somente olhares inquiridores de nossos atos e pensamentos, e as vezes nos sentimos inferiores e derrotados, como que se a auto humilhação fosse o único meio de nos redimirmos perante a divindade, que assiste inerte aos nossos mais íntimos sofrimentos, que mesmo que sejam revestidos pelo véu temporário da ilusão nos afiguram reais, e deploravelmente necessários. É a instalação e manutenção de um círculo vicioso interminável, onde a pessoa que dele padece sente uma indefinível e cruel angústia, responsável por um ambiente de desespero e de desesperança. Estas palavras são excludentes, onde uma está a outra não está, são irmãs que se vêem mas não se tocam. A esperança é a afirmação do sofrimento humano, onde há esperança, há insatisfação, por que quem espera, espera por alguém ou alguma coisa que não tem no presente, logo transfere para o futuro a possibilidade de desfrutar de um estado de coisas mais promissor, mais feliz. Claro que para quem sofre e se vê no aqui agora privado de algo que não possa ser satisfeito de imediato é mais do que reconfortante e necessário se projetar no futuro. Mas para que essa imagem não se transforme em mero devaneio devemos ensinar as pessoas a aproveitarem o tempo presente em função de seus sonhos, de seus desejos, fazer com busquem dentro de si um estímulo que as façam despertar de seus letárgico estado físico, moral, logo, social. A fragilidade humana é imensa, mas a fortaleza também, pois ela emana do Pai que faculta a seus filhos iguais oportunidades no vasto horizonte da evolução. O que é muito fácil constatar nos dias de hoje, é o escárnio com que alguns crentes dirigem aos ricos do mundo. No fundo gostariam de estar gozando dos mesmos privilégios e comodidades, mas ao invés de lutarem por se aperfeiçoarem intelectualmente preferem lançar tenebrosos sermões, e condenar os irmãos ao fogo do inferno. E assim, ao invés de nos unirmos no amor de cristo, e nos reconhecermos como uma só família, caminhamos distanciados dos ensinos do mestre e nos atemos somente ao aspecto imediato da vida, atendendo de bom grado os convites e chamados do mundo das aparências sociais, onde nos vestimos de acordo com os mandamentos das igrejas mas por dentro não comungamos de seus ideais, nas palavras de jesus, somos sepulcros caiados por fora e podres por dentro. È triste e lamentável como se porta a civilização ocidental diante de uma novidade tecnológica, todos ávidos por consumir, possuir no intuito de mostrar o quanto somos capazes de participar ativamente deste pobre jogo descartável e superficial. Medimos nossa força e o poder de nossas faculdades meramente pela capacidade que temos de possuir as coisas e os seres, sim, não queremos apenas as coisas, queremos ser aplaudidos e reverenciados, não por nossas qualidades – o que também já seria uma vaidade, menos vulgar obviamente – mas por nossos objetos. Claro que não iremos abrir mão de coisas que foram feitas no intuito de nos entreter e nos distrair saudavelmente, mas não iremos colocar a carroça na frente dos bois. A violência aparece de forma incontestável e os alarmantes índices de assassinatos, roubos, tão somente comprovam a ineficácia do sistema capitalista. E qual seria a solução? Um novo sistema político? Um novo presidente? Mais segurança nas ruas, ou seja, mais polícia? Bem, podemos conferir ao outro algumas responsabilidades, até mesmo por sermos diferentes e por existirem pessoas mais aptas do que as outras para exercerem certas funções. Não somos, absolutamente, iguais. Somos semelhantes na aparência e nas necessidades fisiológicas mas internamente cada um encerra em si mesmo um universo de infindas possibilidades. O que é necessário para um não é para o outro, muitos possuem a frieza de abrirem um corpo humano e se tornam exímios médicos, outros com a mesma habilidade se tornam assassinos sanguinários que assinam suas obras com visíveis resquícios de maldade premeditada, minuciosamente calculada. Podemos, através de uma analise sociológica, comportamental buscar justificativas para tal tipo de comportamento ou simplesmente atestar a existência de pessoas que gostam, de fato, de praticar atos bárbaros. Os presídios se tornam verdadeiros laboratórios para se praticar o estudo da mente humana, o que leva uma pessoa a cometer atos deste tipo? Não vamos nos prender a isto por não ser o cerne da questão. Entretanto não podemos deixar de admitir que a existência de tais seres em nosso meio também provoca medo e insegurança. Se Deus existe, por que motivo Ele nos concedeu a oportunidade de vivermos em meio ao pânico e o terror? Porque?

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GINO RIBAS MENEGHITTI

Admiro todas as pessoas que ousam pensar por si mesmas.

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Frases de Albert Einstein

A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.

O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

A imaginação é mais importante que o conhecimento.

Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada.

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