sonhos não cabem no bolso
pensamentos não são moderados
o inferno são sempre os outros
e os desejos serão revelados
traumas habitam a noite
de dia urro desesperado
já projetei o meu lado oculto
no rosto do outro estampado
visualizei os meus segredos
aceitei os erros perpetrados
mantive singela demência
na tentativa de ser preservado
hoje admito o meu ser processo
matei por dentro meu advogado
aceitei minhas incoerências
ninguém justifica o injustificável
ninguém engana a própria consciência
sem ser por si mesmo lesado
hoje aceito minha inconsequência
como um cego por outro guiado
ignorância é letal veneno
me sinto até iluminado
por ter ao menos descoberto
o que aqui dentro era velado
como principio valorizo o tempo
sua riqueza presente infindável
me reconstruo neste momento
no agora eterno insondável
me recolho, fecho o olho
peço a Deus no coração
se tiver merecimento
mande mais uma canção
ameniza o sofrimento
reviva a recordação
de que a vida é passageira
e o mundo a distração
cansado de me iludir
neste mundo me perder
estive longe de mim
pra hoje reconhecer
que cada passo dado
aponta uma direção
além de ser caminho
também sou a construção
discípulo do tempo
contemplo a constelação
mantenho a vela acesa
refugio na oração
peço a Deus sabedoria
ao Anjo sua proteção
necessito de ajuda
auxilio na escuridão
na humildade me ajoelho
e peço para revelar
o caminho verdadeiro
para que possa trilhar
além do desfiladeiro
um motivo para sonhar
tenho a alma de guerreiro
sempre pronto pra lutar
o inimigo desafia
pronto pra te derrubar
mas me sinto protegido
pelo manto de Oxalá
o destino foi previsto
alerta à multidão
interesse coletivo
movendo nova visão
a teoria requer prática
além da improvisação
o rap é compromisso
aceito minha missão
dentro do peito bate
vontade de se encontrar
vivendo pela verdade
por ela devo lutar
amanhã vou despertar
esboçando um sorriso
pode parecer um sonho
mas nunca será impossível
a mensagem que levo
vai direto ao coração
o corpo todo arrepia
reconhece a vibração
sintonia positiva
fortalece a oração
a corrente é intensa
voltagem alta tensão
ontem estive em trevas
hoje em plena comunhão
elevo a Deus o espirito
a mente e o coração
com a camisa suja e o corpo vomitado,
em meio a legiões,
novas faculdades,
numa nova idade,
de prender bandidos e defender o Estado,
de ideias e pensamentos elevados,
biologicamente adulterado,
com um chip implantado,
além da tristeza,
a beleza dos pomares,
já dormi pelas ruas, pelas calçadas,
conheço meu limite,
amo a liberdade,
detesto o dedo em riste,
já fui perseguido pelo excesso de honestidade,
sou seu divino mistério
sua dor imaculada
seu filho pródigo tempo
sua secreta cilada
sou seu sabor
seu veneno
o grito sufocado
sou seu alivio remédio
sou seu senhor
seu escravo
não tenha pressa
eu lhe peço
fique um pouco
calada
ouça a prece
do silêncio
segredo
desta jornada
ouvi o canto
das almas
num dia
vestido
triste
ainda
lembro
seu rosto
condeno
seu
dedo
em riste
nada de mim
conservo
além de
sua amizade
sou seu poeta
sou servo
sou filho
desta cidade
sou fruto
raro da selva
sou flor
sou morte
sou arte
sou seu divino segredo
sou o seu porta estandarte
nada desta vida levo
além da chama sagrada
já estive no templo
caminho na encruzilhada
perambulei universo
dentro achei a morada
hoje sou assim confesso
o amor é minha estrada
Aos padrões globais
Destes tempos imorais
Rezando por temporais
Cansado de tanto faz
Daqui nada se leva
não quero negociar
mas se for possível
sua alma elevar
darei asas pra voar
olhos para enxergar
ouvidos pra escutar
pernas para caminhar
Neste sombrio precipício
errante eu caminhei
por quantas veredas
alamedas me encontrei
perdido na esquina
no boteco travado
tomando uma cerveja
acendendo um baseado
um cego escravizado
ao vício acorrentado
destruindo minha vida
sorrindo desnorteado
já estive do outro lado
hoje um sequelado
carrego as feridas
da química o estrago
se soubesse o que sei
nunca aceitaria
nem mesmo um dois
cocaína ou tequila
com certeza evitaria
mandaria passear
dá linha na pipa
está ideia não vou comprar
na serenidade
aceito a verdade
avesso a mentira
rejeito a futilidade
quanto tempo
perdido na loucura
vagando pela rua
atento à viatura
assumo outra postura
assisto passivo
o seu carnaval
omisso na política
ativo transcendental
neste mundo imoral
comédia pagando pau
até se achando o tal
mas no fundo é um boçal
fazendo sempre igual
a arte é um instrumento
de lapidação interna
através da poesia
sublimo a minha guerra