Latentes Viagens

Este espaço é um experimento aberto, amplo, intuitivo e original. Liberto das amarras acadêmicas, sistêmicas e conceituais, sua atmosfera é rarefeita de ideias e ideais. Sua matéria prima é a vida, com seus problemas, desafios e dilemas. Toda angústia relacionada ao existir encontra aqui seu eco e referencial. BOA VIAGEM!

seu sucesso pessoal 
incomoda o meu fracasso
não invejo o que tem
mas sim o sorriso fácil

muitos querem os frutos
mas sem trabalho árduo
é impossível colher 
se não tiver plantado

vagabundo é mato
só vê um lado da história 
não contabiliza as perdas
mas visa nossa vitória

meus dias de glória
por Deus foram contados
também honro o sacrifício
para no fim ser lembrado 

quem me vê na foto
de rolê tomando brisa 
se esquece que fui fênix
renasci das cinzas  

um dia me deparei
com a dura realidade
foi quando despertei
acordei para a verdade

é necessário humildade
para admitir os erros 
e não se engrandecer 
nem diante dos acertos

bem vindo ao recomeço
de uma longa e bela estrada 
se prepare com cautela 
estratégia da caminhada


A intervenção militar no Rio de Janeiro nada mais é do que a constatação da ineficácia do estado e do sistema em assumir e executar suas funções. E quais seriam elas? Proporcionar o mínimo de dignidade a todos os cidadãos, sem exceção. O uso da força e do exército como paliativo para combater e reprimir a violência é válido, desde que o Estado esteja ciente de que esta não é, e nunca será, a melhor resposta aos problemas brasileiros, principalmente dos moradores das comunidades mais carentes que, além de serem obrigados a conviverem com as leis do crime organizado, não são contemplados nos seus direitos e necessidades básicos: do saneamento à saúde, da segurança à educação, do lazer ao esporte. Não se trata de defender bandidos, como bem gostam de apregoar os mais fanáticos e extremistas mas sim uma tentativa de buscar respostas para um quadro complexo, urgente e dramático. A violência é efeito e não causa. Não podemos nos esquecer, que durante anos, o povo da periferia foi, e ainda hoje é, relegado ao descaso e aos desprezo por nossas "autoridades". São vistos como escravos, ou melhor, como mão de obra pesada e barata, que podem ser descartadas e substituídas como mera peça de reposição, nascidos para servir e se ajoelhar perante seu "Senhor". Não é mais um discurso patrocinado pelo vitimismo e propagado pela auto piedade, é tão somente a realidade de milhares de brasileiros. Por outro lado não podemos nos esquecer que as principais facções criminosas do Brasil nasceram como resposta a violência praticada pelo Estado. O exército brasileiro por sua vez, nunca engoliu a perda de monopólio no comércio ilegal de armas e drogas. Durante os primeiros vinte anos da ditadura, imperou sozinho, num consórcio realizado com países vizinhos e os Estados Unidos. Sua aproximação e presença nas comunidades será fundamental para a retomada de seus escusos negócios. Como diria aquele velho ditado: o buraco é mais embaixo. A legitimação do golpe e a presença ostensiva das forças armadas nos faz ligar o sinal de alerta, afinal vários direitos foram conquistados com o sangue e vida de nossos irmãos, entre eles a liberdade de imprensa e expressão, sem citar o nascimento da democracia e o direito ao voto. A educação sempre será o caminho. Por mais que seja um discurso surrado e batido, fruto do idealismo ingênuo e romântico de seus precursores, não existe outro meio para evoluirmos e avançarmos com inteligência e sabedoria rumo ao tão sonhado e desejado progresso. A polarização do discurso e a ausência de debate, visivelmente marcada pela dificuldade de dialogarmos com quem pensa diferente de nós, é um desafio a ser vencido, caso tivermos realmente interessados em construir um sentimento e sentido de unidade.    
 

milhares de pessoas 
jazem na ignorância
na era dos extremos 
respirando intolerância
meus sonhos de criança
no chão despedaçado 
esperava ser feliz
despertei do outro lado
que mundo bizarro
pra quê tanta informação
na ausência de saber 
apelo pra distração
neste mundo de ilusão
vivemos de aparência
ninguém se arrepende pelo ato
mas sim pelas consequências
onde está a inocência 
me diz quem foi enganado
quantos se fazem de vítimas
sabendo ser culpados 
não estou preocupado
em sanar a injustiça
se Deus nos deu um fardo
da cobra nos deu malícia

Roubaram nossos sonhos
Disseminaram fracassos
arquitetos do universo
controlando nossos atos

ousadia de quem pensa
além da dualidade
se sou bem não sou mal
busco fazer minha parte

se é direita é coxinha
se é esquerda é petralha
e assim nos dividimos
caímos numa cilada

retiraram o prazer
de todo aprendizado
avaliam o conteúdo 
estudam por resultado

se tivessem sido
de fato alfabetizados
devorariam vários livros
como acendem baseados 

repensariam seus atos
talvez voltassem pra escola
mas procurariam em si mesmos
a chave de muitas respostas

sem pensar nas notas
no castigo aplicado
que importa ser o primeiro
ou último classificado



A cúpula do jogo do bicho no Rio de Janeiro sempre esteve preocupada em perpetuar seu poder através de um laço consanguíneo e familiar, cuja estrutura pudesse ser aceita e mantida sem nenhum tipo de questionamento ou constrangimento jurídico e legal, ético e moral. Forjado e estabelecido por uma complexa teia social, cujos fios são sutilmente entrelaçados, sua existência e sobrevivência durante todos estes anos se deve a sua perspicaz astúcia na arte de manipular dados, cifras e consciências, além de sua alta aceitação social entre as pessoas de baixo estudo e renda. Seus acordos, no mais das vezes, são políticos e diplomáticos, sem uso da violência, e vão desde o pagamento de propina a policiais até desembargadores da suprema corte. Assim como na máfia italiana, as brigas e intrigas mais sérias e sangrentas se dão no seio das próprias famílias que guerreiam entre si na tentativa de aumentar e expandir seu poder e império. Os capos do estado do Rio de Janeiro durante muitos anos, principalmente no regime militar quando eram responsáveis por nutrir e acomodar vários coronéis e generais em sua folha de pagamento, não tinham experienciado a concorrência com membros e representantes legais do estado: a polícia carioca. Se por um lado o tráfico de drogas é responsável por gerir e gerar, mensalmente, números que ultrapassam a casa dos seis dígitos, por outro, o bicho, além de ser uma atividade ilícita altamente lucrativa e rentável, permite ao contraventor ter uma vida social ativa e invejável, com direito a camarote nas principais escolas de samba e presença constante nos melhores hotéis, restaurantes e boates da cidade. Apesar de viverem na ilegalidade, de forma clandestina e mafiosa, são defendidos e aclamados, temidos e respeitados nas periferias e subúrbios do Rio. O povo brasileiro absorveu o jogo de tal forma, que não seria errôneo dizer que já se tornou um problema cultural, muito além do social. O jogo do bicho atravessa gerações e o dinheiro é facilmente lavado na compra de fazendas e gado, motéis e restaurantes, frotas de táxi até de lanchas e aviões. A justiça brasileira faz vista grossa e sempre que surge um policial ou juiz honesto, o mesmo passa a ser rigorosamente observado. Se possui algum desvio de comportamento que possa comprometer a sua reputação o mesmo é utilizado como forma de suborno e ameaça. Quando não, tem decretada sua morte. O Brasil definitivamente não é um país para iniciantes. A receita do bicho além de movimentar milhões é responsável pelo acréscimo salarial de vários representantes do estado que enxergam na corrupção um excelente meio de proporcionar um alto estilo de vida, bem acima dos padrões, para seus entes queridos e familiares. Para quem passa a vida defendendo os interesses de quem está rendido confortável no sofá de sua mansão por um salário irrisório, não é difícil ceder a esta tentação. Mas cabe aos contraventores a defesa do seu espaço e território, e para isso, necessitam de pessoas, armas e dinheiro. Quando um capo morre, geralmente outro assume, e este acréscimo de poder concedido a um membro, além de despertar a inveja e cobiça dos consorciados, passa a fomentar o ódio e as conspirações. É muito comum, nestes momentos, os chefes se aproveitarem da fragilidade dos familiares e proporem concessões em regime de benefício mútuo ou simplesmente se atacarem. Quando isto acontece, florescem cadáveres pelas ruas e becos, esquinas e vielas do Rio de Janeiro. O poder do bicho é grande e não deve ser subestimado. Em sua intrincada estrutura existem matadores e advogados, contadores e magistrados, policiais e o próprio estado, na figura de políticos: ministros, governadores, senadores e deputados, etc. Vários tiveram sua campanha financiada por famigerados bicheiros e ninguém estima a quê preço. A contravenção no Rio é regra e nunca a exceção.

O caminho do auto conhecimento é permeado de dúvidas, angústias e incertezas, assim como medos, conflitos e dissensões. Por qual caminho seguir? O que devemos fazer para melhor nos conhecer? Em qual área da minha vida desejo me aprimorar? Por qual motivo devo buscar a mudança? Qual a distância que existe entre aquilo que sou e o que desejo ser? Consigo expressar de forma verdadeira, autêntica e original meu eu? Ou será que estou sendo guiado e dirigido pelos apelos imediatos e ilusórios do ego cuja máscara, imposta pela sociedade ou pela própria família, acaba por sufocar, ocultar e reprimir nossos mais íntimos anseios e sentimentos? Se desejamos a mudança simplesmente para agradar ou se adequar as expectativas de alguém, com certeza iremos nos deparar com a frustração e a ansiedade: inimigas número um de nossa paz e harmonia interior. Viver uma vida em função das expectativas alheias, além de ser  desgastante, desnecessário e prejudicial, nos desconecta com o divino em nós. As correntes do universo necessitam de canais honestos e abertos para poderem expressar sua beleza em toda sua amplitude e exatidão. Nada ocorre por acaso e cada dia se apresenta como a mais bela oportunidade de desfazermos e descartamos desde coisas e objetos, até pensamentos, sentimentos e ideias, assim como pessoas, hábitos e lugares. Como iremos nos transformar em agentes da própria mudança alimentando-nos  das mesmas ideias e crenças, pensamentos e sensações? É necessário reconstruir a matriz mental. Através das experiências e ocorrências do cotidiano acumulamos, com o tempo, uma quota de conhecimentos e informações, que podem impedir ou alavancar nossa própria evolução e progresso. As crenças negativas e derrotistas absorvidas durante a adolescência e a infância podem estar ressoando, até hoje, na vida adulta. Não é uma tarefa fácil se olhar no espelho da própria consciência. Exige esforço e vontade, sobretudo honestidade. Ninguém gosta de admitir e aceitar a existência em si mesmo de um grave defeito moral. Todos gostaríamos de ser contemplados sob uma ótica positiva, em que nossas virtudes e qualidades pudessem ser sempre realçadas e reiteradas. Porém devemos aceitar o fato de que nem sempre somos a pessoa que gostaríamos de ser e que por algumas vezes, uns mais outros menos, fomos capazes de machucar e ferir, de forma inconsciente ou não, as pessoas que mais nos amam e amamos. Refletir diariamente sobre os atos e fatos do cotidiano nos permite visualizar com mais facilidade e clareza o que podemos e devemos mudar em nós. Este inventário é extremamente importante e necessário para quem está disposto a se aventurar em busca do eu. Um dia iremos perceber que somos totalmente responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas. Tomara que possamos nos alegrar com nossas próprias escolhas. Por hoje é isso. Abraços fraternos.

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GINO RIBAS MENEGHITTI

Admiro todas as pessoas que ousam pensar por si mesmas.

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A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.

O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.

A imaginação é mais importante que o conhecimento.

Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada.

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