modernidade líquida
mundo artificial
mas a fatura é concreta
no contrato virtual
bem vindo ao mundo real
onde dinheiro contamina
fortalecido por papel
mais do que por vitamina
cuide da sua vida
não se importe com ninguém
se você está em paz
então está tudo bem
para quem curte diz amém
e vê se compartilha
mas não esquece aquela foto
para poder postar no insta
logo mais estou na pista
aberto para negócio
em busca de investimento
e de mais um rico sócio
enriquecer é óbvio
maior sentido da vida
construir uma grande casa
e uma bela família
onde está a sua filha
agora neste momento
perdida em si mesma
ou na selva de cimento?
o que se passa por dentro
nem sempre se reflete
numa mesa de bar
apenas o cego se diverte
sem nenhum projeto
plano e objetivo
vou canalizando
atingindo alto nível
saber desinteressado
a única prerrogativa
para a verdadeira arte
para o artista que cria
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Gino Ribas Meneghitti
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Gino Ribas Meneghitti
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A
grande maioria de nós, brasileiros, possui apenas uma vaga noção da
configuração geográfica, política e econômica do país, o que nos impede
de reconhecer e visualizar os verdadeiros agentes e mandatários da nação.
Banqueiros,
empreiteiros e multinacionais andam de mãos dadas com um grupo de
latifundiários, empresários e industriais, cujos principais
empreendimentos se concentram desde o agronegócio, às grandes indústrias
de energia (petróleo), transporte (automóveis), mineração (minério de
ferro) e bebidas (cerveja).
Em seguida, podemos enumerar uma série de políticos, juízes e militares,
além do poder do clero e, claro, a grande arquiteta, simbolizada pelo
olho que tudo vê: a Rede Globo e os meios de comunicação de massa,
leiam-se mídia e imprensa.
Difícil
é acreditar que os defensores desta ordem e deste progresso,
além de serem recrutados na base da pirâmide, são obrigados a servir e
se alistar para defender com unhas e dentes os interesses de quem oprime
a si e ao seu povo.
Enquanto
adotarmos uma postura de conivência e submissão aos ditames impostos
por este modelo piramidal de globalização, os tentáculos do capitalismo
tendem a esmagar a maioria da população que se contenta em reproduzir e
se enquadrar nos moldes e padrões preestabelecidos.
Enquanto
não formos incentivados a criar e a repensar um novo caminho para o país
estaremos destinados ao fracasso. Até quando seremos reféns da
mediocridade, do medo e da covardia? Necessitamos de pessoas sérias e
dispostas a realizar algo de relevante em prol da população.
Gostaria
de, ao invés de apontar os erros e as injustiças, propagar as soluções,
mas não existe nenhuma intervenção mágica e de fácil resolução.
Demandará tempo, paciência e energia, pois ainda iremos assistir alguns
espetáculos de gosto duvidoso; cômicos se não trágicos.
A
competitividade, a especulação em torno da economia, as respostas
simplórias e reducionistas que exemplificam um profundo desconhecimento
do assunto, o qual pode ser contemplado nas respostas vazias e evasivas
"o
problema é a crise internacional" "os juros, a inflação". Na verdade,
várias são as razões e causas desta questão. Ainda somos vítimas dos
grandes monopólios de terra e
de renda.
Uma
minoria hipócrita, que não acredita e nunca acreditou na melhoria
efetiva do país, que sempre se beneficiou da esfera privada, que nunca
se privou de nada em benefício do povo, que sempre se julgou superior e
intocável pelas leis vigentes em nosso país, começa a se render aos
fatos de que, futuramente, as pessoas possam novamente reivindicar seus
direitos à força. Por isso elas temem a elevação da consciência e lançam
um olhar perverso sobre a realidade.
Enquanto
o povo permanecer escravizado, lutando pela sobrevivência com baixos
salários e assumindo a responsabilidade por toda mão de obra pesada,
iremos assistir passivos a passagem de bravos espíritos que tão somente
exemplificam e nos mostram, através de sua vida e de seus atos, os
verdadeiros valores que deveríamos admirar e respeitar.
A
agricultura familiar, o desenvolvimento sustentável, a abertura de
novos mercados, o investimento maciço na educação de base, a revisão dos
bens exportados e importados, a descentralização do poder e a adoção de
medidas para impedir o avanço da inflação, como o investimento em
outros meios de transporte e energia são formas inteligentes de encarar
certos problemas ou se preferimos, assumirmos desafios.
A
crença passiva de que alguém será capaz de resolver todos os nossos
problemas e conflitos num passe de mágica é o que nos mantém cativos de
nós mesmos, prisioneiros do tempo e escravos da esperança.
Por
outro lado, somos motivados a enxergar as transformações operadas em nossas
próprias vidas. Se por um lado conseguimos visualizar as alterações que
podem e devem ser operadas no interior do sistema, por outro, ousemos
admitir que só podemos e devemos mudar a nós mesmos.
Mesmo
que as coisas piorem e os problemas se multipliquem, existem outros
meios e formas de mudar o mundo em que vivemos. Cada qual em sua área,
exercendo sua atividade, buscando dar sempre o seu melhor. Acredito que
um dia iremos viver num país decente, afirmando nossa identidade,
reconhecendo nossos valores e nossa capacidade de crescermos e
evoluirmos através de nossa inteligência, persistência e criatividade.
Contamos
com pessoas criativas, que acreditam na mudança e que operam,
silenciosas, a verdadeira revolução: a de consciências. Pessoas que
teimam em permanecer fiéis aos princípios esposados. Que vivem em função
daquilo que acreditam e creem ser correto: a ética, o respeito, a dignidade.
Conheço
muitas pessoas que não abrem mão de serem reconhecidas como honestas,
que se fiam na palavra e no fio de bigode. Espero que possamos ser
responsáveis pela renovação e mudança, que se fazem tão urgentes e
necessárias. Nos resta agir em prol da melhoria efetiva em nossas
vidas, sabendo que a verdadeira mudança começa em nós mesmos.
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Gino Ribas Meneghitti
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Nestes novos tempos
virtuais, principalmente nas redes sociais, é comum nos depararmos com inúmeros
posts e comentários nascidos de um
engano ou mal-entendido gerado por um suposto erro de comunicação. Num eterno
papo de surdo e mudo as pessoas parecem ter pedido a capacidade de interpretar
um texto e ler nas entrelinhas. Poucos se dão ao trabalho de ler e refletir, digerir
e ruminar o conteúdo, deixando, desta forma, escapar o seu sentido e essência.
Como se isso não bastasse,
uma enxurrada de opiniões são lançadas e emitidas sem nenhum tipo de critério
ou avaliação, inundando a rede de uma série de conceitos e preconceitos que são
diariamente repassados e reproduzidos, de forma irrefletida e inconsequente, em
alta escala e velocidade, atingindo milhares de pessoas e lugares ao mesmo
tempo.
Uma das maiores
preocupações filosóficas de todos os tempos, permanece viva, ativa e operante,
transcendendo os corredores da história e do tempo: a busca pela verdade. A
verdade é sempre associada às questões estéticas (belo), éticas (justiça) e
morais (bem) e sua imagem, forjada por um prisma romântico e poético, pode ser
comparado a um espelho que reflete de forma clara, límpida e fidedigna, o brilho
de sua luz, cujos raios dissipam todo tipo de dúvida, angústia e
incerteza.
No período clássico da Grécia Antiga (500-338
a.C.), Platão, filósofo e matemático ateniense, discípulo de Sócrates, mestre
de Aristóteles já nos fornecia os primeiros elementos para que pudéssemos
visualizar a diferença entre o conhecimento popular (denominado senso comum,
representado pela opinião e adquirido através da experiência e vivência empírica)
do conhecimento da verdade, realizado através da busca e investigação
filosófica, mediante conceitos lógicos, matemáticos e abstratos.
Acredito que seja de
extrema valia e necessidade, para quem quiser construir um argumento lógico, o
estudo da lógica: nada mais óbvio. Se por um lado somos obrigados a admitir que
o nível das discussões ainda permanece restrito aos “ismos e achismos” de seus
interlocutores, por outro nos resta reconhecer que o espaço virtual se
transformou, para o bem ou para o mal, na ágora* moderna.
Polêmicas discussões são
alimentadas e mantidas no intuito de defender e convencer o outro do nosso
ponto de vista e opinião. Hercúleo esforço é despendido na tentativa de nos
fazermos ouvidos, entendidos e aceitos. Não por acaso os gregos reverenciavam a
peithó, a arte da persuasão, como uma
divindade. Quem detinha o dom da retórica e da oratória era aclamado e
reverenciado, o que lhe conferia prestígio, status, e claro, poder.
O debate, assim como a
discussão, além de promover e ampliar a compreensão e o entendimento, são
elementos indispensáveis na construção do conhecimento e na manutenção da
democracia. Na inútil tentativa de evitar o atrito, o conflito e a discórdia,
milhares se esquecem ou simplesmente ignoram que o raciocínio dialético nasce
justamente do embate e da tensão entre os opostos.
Porém, quantas amizades
estão sendo desfeitas e repensadas após infindáveis réplicas e tréplicas
desgastantes e desnecessárias? Uma coisa é colocar o argumento acima da
amizade, outra é abrir mão de expressar a nossa opinião. Se uma amizade se
rompe por este motivo, vale a pena repensarmos nosso conceito de amizade.
Afinal, o que queremos
quando publicamos ou postamos qualquer tipo de comentário? Na melhor das
hipóteses ampliar o horizonte da discussão, tornando pública uma reflexão
privada. Se eu digo que não penso igual a você, você tem várias opções, entre
elas, de levar para o lado pessoal ou simplesmente aceitar o fato de existirem
pessoas que pensam diferente. E pensar diferente de você é totalmente diferente
de estar contra você. Será que temos essa maturidade e compreensão?
Até que ponto conseguimos
aprofundar uma discussão apenas na esfera dos fatos e das ideias sem cairmos na
dimensão particular e pessoal? Será que vale a pena abrirmos mão daquilo que
temos de mais sagrado: o direito de expressarmos abertamente nossa opinião,
seja ela qual for, para mantermos por perto pessoas que se revoltam e se mordem
à menor contrariedade?
Ou não seria extremamente
vantajoso saber, como hoje sabemos, que existem pessoas do nosso meio que
defendem o fascismo, a homofobia e a tortura? Não seria tão ingênuo a ponto de acreditar
cegamente em tudo que leio assim como não seria tão leviano para não reconhecer
o valor do sangue derramado de meus irmãos para que eu pudesse ter o direito à
liberdade de expressão.
Enquanto isso, intermináveis
disputas são travadas aos olhares atentos e ansiosos dos doadores de like. Se nos primórdios combatíamos nas
arenas, passando pelo espetáculo dos gramados, hoje, apesar das limitações e
dificuldades encontradas pela falta de manejo, traquejo e trato com a língua,
nossos gladiadores e craques estão migrando, de forma lenta, contínua e
necessária, para o mundo das palavras e do pensamento. Grande salto qualitativo
de nossa nação.
*Ágora era o lugar em que
os gregos se reuniam para discutir e debater os seus problemas políticos e
sociais.
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Gino Ribas Meneghitti
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Os sindicatos deverão ser
exorcizados e sua existência demonizada, como se não tivessem tido nenhuma
participação ativa na histórica luta pela aquisição e manutenção de direitos.
Todos os trabalhadores deverão se curvar perante a carta magna do capital. Cada
qual deve ser responsabilizado pelo seu fracasso pessoal, social e
profissional.
Através de um apelo
emocional e sincero devemos fazer com que todas as pessoas de bem se
conscientizem da encenação promovida por todos os pobres e miseráveis. Se
existe algum culpado pela sua extrema condição de penúria e miséria, são eles
mesmos, e assim lavamos nossas mãos perante aos que amam se fazer de vítimas e
pobres coitados.
A história se repete. Desde a abolição da
escravatura, todo e qualquer movimento ou levante que vise à elevação ou
melhoria de nosso povo deve ser fortemente atacado e rechaçado, na base da
força e do golpe. Para tanto, é necessário utilizar de todos os meios e formas:
mídia, justiça e política.
Os donos do poder,
leia-se um por cento da população brasileira, conseguiram, de fato, através do
uso do mito e de repetidas e reiteradas afirmações arbitrárias, persuadir
grande parte da sociedade de que o maior responsável pelos problemas do país é
o Estado e sua incapacidade de administrar e gerir a coisa pública.
A melhor saída, nestes
casos, é entregar nossas riquezas e patrimônios nas mãos de empresas privadas e
de pessoas mais bem preparadas, aquinhoadas e competentes: eles próprios. Os
meios de comunicação de massa ao deturparem a imagem do Estado, passaram a dar
todo crédito e mérito às leis “reguláveis” do mercado.
O mercado, assim como
seus agentes, aparece como uma entidade invisível e abstrata, impessoal e
universal, cujos princípios emanam de sua autorregulação natural e espontânea,
promovida pela concorrência e pela competitividade, pela lei de oferta e
demanda. O Estado, por sua vez, é retratado como particularista e pessoal, corrupto
e partidário.
O papel central dos pseudo-sábios da mídia e do jornalismo é a idiotização da classe média, que por sua natureza soberba e orgulhosa, não se reconhece ou se admite povo e ignorante. Mesmo diante de tantos fatos e acontecimentos nem desconfia que também está sendo cegamente conduzida e manipulada pelas mãos do consumismo e do conformismo político e ideológico.
Os miseráveis, herdeiros diretos da senzala, são responsáveis pelo serviço braçal, bruto e pesado. Aos escolhidos pelo sistema e possuidores de grandes patrimônios, cabe o legítimo direito e dever de explorar e manter à sua revelia e critério este atual estado de coisas.
A escravidão no Brasil é
um ideal mantido às ocultas, mas hoje, através da reforma trabalhista, revela
sua face mais dura e cruel. Por muitos anos, a elite maquiou este fato, de modo
que o discurso mais vendido e aceito é o da vitimização por parte dos pobres e
excluídos.
Bastou a parte mais pobre
da sociedade frequentar os aeroportos para que os mais ricos não demorassem a
demonstrar sua indisfarçável insatisfação, comparando-os a rodoviárias. A
presença dos mais pobres no shopping e universidades incomodou profundamente
uma ala conservadora, branca e elitista, que se considera superior e acima de
seus conterrâneos.
O ódio aos mais pobres é
claro e explícito, e cada qual parece amar o seu opressor. O Brasil é um país
majoritariamente formado e constituído de miseráveis, contudo eles mesmos, ao
atingirem certo status social, se tornam, repentinamente, convertidos à seita
maligna do capital.
Acreditando nas suas
qualidades e na sua vontade de vencer na vida se julgam exemplos a serem
seguidos e admirados, como se suas trajetórias pudessem resumir e atestar uma
infalível receita de sucesso perfeitamente aplicável e praticável por todos.
Mal sabem que sua vida, assim como seus interesses são dirigidos por quem está
vários degraus acima.
Mesmo com a corda no
pescoço, pagando escolas e hospitais privados, a classe média brasileira não se
rende à evidência de que existe uma rapinagem e um sórdido jogo econômico muito
acima do que possa imaginar sua débil inteligência.
Cheios de si e fartos dos
outros, estes seres posam felizes para as fotos, de forma leve e descontraída,
alegre e despreocupada, esquecendo-se que o preço a ser pago é alto: a
escravização de si e do outro.
O poder do povo, ou a democracia, mais uma
vez, deixa de ser exercida em função dos interesses daqueles que dizem nos
representar. E assim caminhamos em direção à ruína de muitos e à riqueza de uns
poucos. E continuo me perguntando: até quando?