Não quero ser lido, entendido e decorado, ao contrário, quero ser esquecido, mal entendido e desprezado. Guarde para si seus comentários, seja educado, só dê sua opinião quando solicitado, não meta o bedelho onde não é chamado. O mundo está repleto de especialistas, pessoas que sabem tudo de todos. Estou cansado de qualquer tipo de disputa, principalmente a intelectual, prefiro me render e assumir, de imediato, a minha ignorância. Não tenho tempo, nem vontade de conversar com pessoas que tudo sabem e tudo entendem. Prefiro estar com pessoas descomplicadas, de riso fácil, que se preocupam mais com a nossa companhia do que com o conteúdo de nossas conversas. Não preciso provar nada para ninguém, nem sequer para mim mesmo. Nestes tempos de discursos inflamados, marcados por um alto grau de ódio e intolerância, a polarização das ideias é apenas um detalhe. A falta de bom senso e discernimento faz com que as pessoas rompam as fronteiras da privacidade, está cada vez mais difícil distinguir o público do privado. Queremos ser ouvidos a todo custo, como os únicos portadores da verdade. Não conseguimos simplesmente ouvir, refletir e nos calar, precisamos emendar logo em seguida o nosso ponto de vista, como se isso fosse realmente importante. O silêncio, assim como a ociosidade, é um estado de espírito que vem se tornando cada vez mais raro e, por isso mesmo, tão necessário. É preciso cautela e paciência para não nos perdemos no mar da vaidades e das vãs divagações. Como se não bastasse a contemplação narcísica de si mesmo, queremos transformar tudo e todos em espelhos. Não basta ter a liberdade de ter a sua própria forma de agir, sentir e pensar, é preciso fazer com que todos pensem e ajam da mesma forma.
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