É de grande relevância para a
humanidade repensar os seus valores sem a presença de algo externo que suprima
sua inteligência e os apelos de sua natureza intelectiva, o ser humano
distingue-se de outros seres justamente por esta capacidade de poder pensar
sobre si mesmo e principalmente de criar a si mesmo. Vista sob uma perspectiva
idealista, que confere à realidade percebida pelos sentidos um estatuto
ontológico inferior ao mundo inteligível, das ideias, este mundo, na forma em
que nos é apresentada, é preenchido por uma infinidade de ilusões e erros,
vários conceitos metafísicos de origem místico religiosa povoaram a esfera
cultural de vários povos, esta forma de enxergar o mundo acarretou o nascimento
de várias religiões entre elas o cristianismo que professa abertamente em seu
meio o mito criacionista, ou seja se o
mundo possui uma causa logo deduziram que ele também possui uma finalidade, este olhar teleológico nos
leva de encontro aos obscuros porões criados pela grande maioria das religiões
que dizem ser a salvação do homem o objeto verdadeiro de sua existência neste
mundo efêmero e dominado pelas forças do mal. Num primeiro momento é
compreensível a tentativa de explicar a formação do mundo e suas ocorrências
físicas através de mitos e das intervenções de seres divinos nos afazeres
humanos, no entanto, com o decorrer dos anos, e principalmente com o advento do
cristianismo, a humanidade passou a caminhar sobre o triste cortejo fúnebre e
decadente da negação de sua vontade, de sua força e de sua vitalidade. Jesus,
ao exaltar a decadência, a fraqueza, a pobreza e a miséria, destituiu de beleza
a força, a virilidade, a riqueza, a abundância, Nietzsche sugere que o homem é
a própria vontade de potência, logo seria irracional querer para si algo que
vai contra os princípios básicos de sua natureza imanente. O grande convite da
filosofia nietzscheana é a demolição dos valores morais fundamentados numa
ótica transcendente, que visa a felicidade num outro mundo, num além que se
estende além desta vida, não se trata de especular sobre a existência ou não de
uma outra forma de vida mas tão somente de afirmar esta que nos foi concedida,
viver aqui agora da melhor forma possível, buscando a nossa realização neste
presente vir a ser.