o limite do réu
a vida sem véu
deus é cruel
sadismo inato
prefiro o oculto
espanto difuso
bandeja de ratos
condenados pelos rastros
de ignóbil pretensão
um verso pobre e vão
um minuto intacto
no silêncio da noite
dueto necessário
ao acorde eternizado
pela analogia dos astros
pulsantes membranas sociais
fragéis desmoronamentos grupais
aterrorizados pelas coisas banais
a morte, o sangue, a dor, a revolta, o ódio
plastificado das prateleiras
no espelho vitrine das lojas brasileiras
pastores, padres, políticos, igrejas
instituições públicas, federais
aparato burocrático indispensável
ao cultivo das amebas ancestrais
em pleno vigor literário
um poeta morreu asfixiado
pelos caos iletrado
do trânsito engarrafado
perdido no abismo trafego
entre feras, ogros e elfos
um laço de magia lasciva
uma chama acesa, viva
permita-me viver só
só viver é permitido
a morte é um artificio rígido
absoluta certeza, cego instinto
no chão terra irei me decompor
mais um poema escrito sem amor
como uma bela flor sendo contemplada
pela multidão distraída e desavisada
andando na contramão, não vi a placa
como uma criança vil e assustada
em meio a parafernália pragmáticas
dieta cultural iminente,
ao corpo espirito a mente se extende
tudo é artificial, neste novo tempo virtual
menos o seu rosto, sua face animal.
malabaristas, diaristas, motoristas,
funções exercidas pela escravizada maioria
no suor de seu rosto, o peso da saliva
sob o cansaço físico, o exercício mental
em outros planos, a dimensão espiritual
a revolta com o tráflico de drogas,
saberes ideais ocultados na forma de um paradigma
meninos e meninas que já não brincam na esquina
alguém acabou de assaltar uma padaria
na faixa de gaza tiros a luz do dia
mais um banco quebra na suiça
um palhaço anestesia o sentido da mídia
alguém ri e destroí milhares de sonhos
abortos, contorções, falsos planos
alguém nasce no palco da existência
a sua idade espiritual que revela
o conceito mórbido da selva
vive em benefício da mudança genética
dna inscrito em cada parasitária célula
recebe o conteúdo informativo como guia
vive as expensas da rotina
fantasia com delicada ternura a alegria
estimula com encanto e doçura a nostalgia
em meio a multidão enfurecida
acorrentado aos desejos consumistas
de uma sociedade patética e rídicula
com letras garrafais seduz e glorifica
os propensos ídolos globais
servidores fiéis de satanáz
trabalho árduo e competitivo
poesia traduzida como lixo
quântico, maquinal, repetitivo
iludido caminho entristecido
rostos sofridos, corações corrompidos
um minuto de sacríficio em benefício
da paz e ordem mundial
atrás de um imposto universal
pagar com amor a moeda de césar
aglutinar a dor com a salvação eterna
o medo do desconhecido que encerra
a porta de um novo mundo,
de uma nova era
com diversas teorias, ideologias e sistemas
psicologia adversa, com destreza educa,
desde cedo reza, um hábito que despreza
o raciocinio culto, vítima de uma quimera
supostas guerrilhas verbais
no espaço demarcado por animais
sorrir da desgraça e da tragédia
chorar no berço de uma nova existência
Não tenho tempo de postar um texto
não sei o título, a métrica e o adereço
excluído do mundo louco por um minuto me lanço
perdidamente apaixonado no espaço agora danço
não aceno com alegria para meu passado
nem procuro no futuro um diferente retrato
vivo agora, sou fugaz e transitório
procuro no vazio da escrita a realização do ócio
entre históricas paisagens um insight letal
em meio as romagens de um período feudal
passeio pelo tempo procurando as luzes
procurando fogo, para queimar as cruzes
não tenho tempo para lamentar minhas perdas
no plano metafísico guardo algumas certezas
sem o dogmatismo estéril das bestas
rio do discurso evasivo de algumas igrejas
transporto para dentro de mim a visão
na certeza do EU-SOU posso ser então
pois todo louco certamente guarda
dentro de si como jóia rara
a plenitude da imortalidade
nas nuvens do céu vejo a liberdade
atravesso este portal com um riso
debochado, irônico e esquisito
me vejo menor do que um mosquito
para poder viver imune ao sentido
deste teatro barato e ridículo