Vários livros foram
escritos na tentativa de nos elevar e instruir a respeito das coisas divinas,
ocultas e celestes. Poucas foram as religiões, doutrinas e sistemas que se
absteram de se auto proclamarem as únicas portadoras da verdade. O cristianismo
continua sendo a seita ou crença mais difundida no ocidente e seu séquito de
discípulos ou servidores são os que mais promovem polêmicas e discussões em
prol de sua causa. O amor ainda é a mensagem mais ouvida e disseminada entre
todos os grandes mestres e avatares. Nada de novo entre o céu e a terra. Apesar
dos inumeráveis esforços da espiritualidade ainda caminhamos em lentos passos
no que diz respeito à nossa evolução espiritual, para não dizer moral. Os
filósofos de plantão, após terem descortinado alguns conceitos implementados
por Nietzsche já se encontram em choque e melindre com esta palavra: moral. Os
valores éticos e morais não são passíveis de serem relativizados e o amai uns aos
outros como eu vos amei ecoa de maneira uníssona nos ouvidos e corações das
almas mais sensíveis ao seu chamado. Me sinto extremamente privilegiado por ter
presenciado a passagem do mundo analógico para o digital. Por mais que possa
recorrer aos arquivos da memória de uma forma nostálgica, arredia e
transgressora contra as atuais normas e padrões vigentes é inegável os avanços
e progressos promovidos pelas novas formas de comunicação. Entretanto não
podemos ainda prever as consequências positivas e negativas deste modo de vida
a longo prazo. Apesar de estarmos virtualmente conectados ainda estamos muito
distantes de uma conexão mais profunda, real e verdadeira com nossos
sentimentos, pensamentos e emoções. A vida se dá num outro nível e o que a
pouco tempo atrás era loucura hoje podemos contemplar como mera ignorância. Um
típico exemplo é sobre a existência ou não de vida em outros planetas. Mesmo
diante de tantas descobertas sobres as bilhões de galáxias que nos cercam ainda
sim existem pessoas que duvidam da existências em outros orbes. Não se trata
mais de caminhar aos passos daquilo que é ou não cientificamente comprovado mas
sim de nos abrirmos aquilo que pode e deve ser sentido e vivenciado por nós. A
nossa principal busca nesta existência, sem dúvida, é o verdadeiro sentido e
significado de nossa existência e jornada. Não viemos até aqui para termos como
único propósito e meta existencial o sucesso financeiro e profissional. Não
podemos acreditar que a felicidade está intimamente ligada as nossas viagens e
postagens no face ou no insta. Vivemos sim num planeta adoecido cujos valores
se encontram infelizmente invertidos. Muitas pessoas se encontram alienadas e
perdidas, sobretudo de si mesmas, por duvidarem da sua capacidade e dos
tesouros encastelados em sua essência. Milhares de pessoas ainda se veem de
mãos dadas com a fome, a penúria e a miséria. E não adianta apelarmos para o
discurso vitimista e fatalista que apenas aponta os erros e não indica
soluções. Por mais que estejamos vivendo uma época de ouro, com mil e uma
facilidades, milhões de seres ainda são escravizados e impedidos de terem
acesso as mais belas formas de sentir, pensar e agir. Quase tudo ainda se
encontra condicionado aos interesses dos detentores do grande capital. O
aspecto econômico e político quando desvinculado dos interesses coletivos
servem apenas a alguns poucos indivíduos que se julgam acima do bem e do mal,
como se não tivessem que um dia prestar contas de seus atos e ações. Vários
exemplos de bondade e caridade nos foram dados, entre eles o próprio Cristo,
Gandhi, Madre Tereza e Chico Xavier sem contar os milhares de anônimos que com
pequenos gestos revelam sua grandeza de alma e de caráter. Todos os dias somos
expostos a dramáticas tragédias, desde dos cataclismas naturais como chuvas,
enchentes, furacões até estupros, roubos e assassinatos. O tráfico de drogas, a
corrupção política, a desigualdade de chances e oportunidades e a ausência de
uma política voltada contra o orgulho, o egoísmo e a vaidade tende a perpetuar
o culto aos ídolos cujo fórmula do sucesso pode ser reduzida a fama, dinheiro e
notoriedade. Poderíamos empreender um estudo histórico e aprofundado para
tentarmos entender o porquê de termos nos dividido em barreiras, bandeiras e
fronteiras. Cada qual está tão preocupado com seus próprios interesses e
objetivos que se esquecem facilmente que formamos uma só família e uma só
civilização. As diferenças culturais nos servem como instrumento de crescimento
e reflexão e não de separação. Oxalá nos abençoe neste novo ano que se inicia.