O cenário político
brasileiro, diga-se de passagem, nunca foi dos melhores. Como se não bastasse
os inúmeros casos de corrupção, omissão e impunidade envolvendo famílias e
cifras milionárias somos obrigados a conviver com o pesado fardo do desprezo
ofertado por uma elite que não se reconhece, e dificilmente se reconhecerá,
povo.
Nossa esquerda, para se
eleger, se manter e exercer o poder, foi obrigada a ceder e entrar no
emaranhado conluio das trocas de favores, cargos e verbas, realizando
concessões e contratos de caráter escuso e duvidoso. Enquanto isso, um número
reduzido de nomes e sobrenomes continuavam ditando as regras do jogo, como
sempre, para seu próprio benefício e status, tendo como última instância legal
e normativa, o uso de seus próprios meios, métodos e critérios.
Culpados? É difícil, para
não dizer impossível, apontar, julgar e condenar um único responsável. A ideia
do bode expiatório, infelizmente ainda satisfaz o imediatismo impulsivo das
massas mas pessoas minimamente esclarecidas e sensatas não podem e não devem se
prestar à este papel. Recorrer ao passado para compreender o presente não é
apenas tarefa do filósofo, do sociólogo e do historiador e sim obrigação de
todo cidadão que possua o mínimo de coragem, dignidade e decência.
Debruçar sobre os últimos
acontecimentos políticos com uma postura imparcial, impessoal e apartidária é
um genuíno convite ao conhecimento, amadurecimento e refinamento da percepção
que temos, de nós e de nossa sociedade.
Por séculos fomos
condenados a viver mediante a exploração indiscriminada de outras nações, que
usurparam todas as nossas riquezas para poderem prover seus filhos com os mais
fartos e faustos recursos. Herdeiros dos grandes latifúndios e dos gritos de
horror emitidos da senzala, necessitamos recorrer à história para decifrarmos
as chagas e feridas que se encontram presentemente abertas e aparentemente
incuráveis: da má distribuição de terras e renda ao título exclusivo de
cidadania outorgado de maneira parcial e discriminatória à uma ínfima e ímpia
parcela da sociedade.
Os últimos dados lançados
e emitidos pelo IBGE apenas retratam de maneira fidedigna o quanto estamos
distantes de uma sociedade mais justa, humana e igualitária. Recorrer ao
discurso da melhoria e aperfeiçoamento de nossas instituições educacionais
públicas é o último senão o único de nossos apelos e recursos. Se faz
necessário lembrar, principalmente nestes obscuros tempos de cortes, contenções
e privatizações, que caso quisermos crescer e evoluir mundialmente, devemos
modificar nossa arcaica e retrógrada mentalidade que aponta como gasto o que
pode e deve ser sempre encarado e tido como o maior e melhor investimento: a
educação.