sou filho do cangaço
herdeiro de lampião
conheci maria bonita
guerreando no sertão
esta é a minha terra
meu povo sacrificado
adormece esquecido
nas calçadas do descaso
o crime é organizado
e se veste de paletó
está presente no senado
nos aviões cheios de pó
político aqui não tem dó
nunca viveu na penumbra
desconhece a pobreza
a miséria que vem da rua
realidade nua e crua
sem nenhuma maquiagem
sei que adoram criticar
dizer que rap não é arte
precisam de uma roupagem
mais fina e sofisticada
para ser considerada
uma cultura elevada
aqui é som de quebrada
do gueto vem desespero
o silêncio é rompido
com gritos e tiroteio
o estado sobe de farda
não leva livros na mão
mas desce com cadáveres
comemorando a missão
depois quer cobrar do povo
um pouco mais de educação
mas se esquece de fornecer
através do exemplo a lição
sem essa de erudição
de referência bibliográfica
não venha com citação
para justificar desgraça
por aqui quem trapaça
nem sequer mais disfarça
o honesto paga o preço
pro esperto viver de graça
maldita humana raça
de homens destituídos
desde do amor ao próximo
aos valores e princípios
foi assim desde do início
nas pirâmides do Egito
os faraós escravizavam
e o povo era submisso
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