Sempre
quando questionado sobre as maiores invenções humanas, respondia
peremptoriamente: a eletricidade, o avião e o circuito integrado. Mas não
relego a segundo plano o rádio, a televisão e a geladeira. Se formos pensar o
mundo, antes e depois destes aparelhos, iremos perceber que todos, sem exceção,
foram divisores de água, extremamente importantes e essenciais para o
desenvolvimento e o melhoramento da qualidade de vida e da própria humanidade.
Um dos
maiores erros cometidos pela presente geração é ignorar o árduo esforço de
nossos antepassados para que pudéssemos desfrutar dos benefícios advindos do
progresso tecnológico e científico, e do conceito de civilização. Poucos seres
possuem a dimensão exata da luta e sacrifício para que certos direitos e
deveres fossem criados, mantidos e realizados.
Da
escravidão à liberdade, da ditadura à democracia, do direito ao voto à simples
emissão de uma opinião, do gozo inalienável das férias à redução da jornada de
trabalho, da aposentadoria ao décimo terceiro salário, da mecânica à elétrica,
do analógico ao digital, das grandes máquinas aos componentes eletrônicos, do
macro ao micro, do cosmos ao átomo, eis que surge a nanotecnologia. Quem um dia
ousaria imaginar que seria possível armazenar num único e pequeno objeto uma
grande quantidade de discos, livros e vídeos?
Nascemos
com a sensação de que o mundo, assim como as pessoas, existe para servir e
atender aos apelos emitidos por nossa vontade. Como se a civilização fosse um
direito e não fruto de uma conquista e construção histórica. Todos nós, que
vivemos sob este regime, deveríamos nos envergonhar por não ceder a nossa força
de trabalho na realização de algo coletivo em benefício da sociedade.
Desde o
momento em que acordamos até a hora em que dormimos, milhares de espíritos
estão presentes em nossa vida, nos auxiliando. Não falo dos espíritos dos
mortos, de supostos entes desencarnados, mas dos vivos e operosos. Por quantas vezes
na vida você já refletiu seriamente sobre o esforço coletivo despendido para
que você pudesse ter um belo dia?
Você mal
acorda e se esquece de reparar a sua casa, a sua forma e modelo. Alguém pensou,
elaborou e executou este projeto. Quantas pessoas foram necessárias para
carregarem os tijolos, areia e cimento? A sua cama, o seu colchão, pijama e
chinelo. Vai ao banheiro, aperta o interruptor, acende a luz, abre a torneira e
sai água. Não, isto não é um milagre! Mas realmente, admito, é espantoso.
Ao escovar
os dentes, quantos objetos: escova, creme e fio dental. Questione a matéria
prima de cada um deles. Tente imaginar a elaboração, desde a ideia até a
criação, da matéria prima à fabricação, da entrega até a sua casa. Você senta
na sua mesa e cadeira, confeccionada por alguém, recolhe o seu pão, passa o
café e retira a manteiga da geladeira. Alguém plantou, colheu e preparou, o
trigo e o café. Alguém cuidou, ordenhou e entregou o leite.
Nem foi
preciso chegar ao processo de industrialização destes produtos para perceber a
quantidade de horas e pessoas necessárias para que, em menos de meia hora do
início de seu dia você pudesse se dar conta das inúmeras centenas de pessoas
envolvidas e comprometidas com sua existência. Pare de ler este texto por um minuto
e pense seriamente nesta questão: quantas pessoas foram necessárias para que
você pudesse viver de forma plena e satisfatória o seu dia? Lembre-se de todas
as suas refeições, instituições e roupas, do material de limpeza aos de higiene
pessoal, desde ao plantio de determinado vegetal até a pessoa que colocou o
botão na sua calça e a sola no seu sapato.
E você, o
que tem feito de bom para a vida das pessoas à sua volta? Se não conta com
alguma habilidade manual ou intelectual, o simples esboço de um sorriso já é
capaz de alterar de forma positiva, o humor e o ambiente em sua volta. Todos
somos capazes de oferecer algo, desde que tenhamos a vontade e o desejo sincero
de contribuir na construção de um mundo melhor.
Triste é
constatar que a maioria das pessoas não se dá conta de que viver em sociedade é
sobretudo doar e servir o seu tempo e energia na construção e manutenção da
mesma. Em meio ao advento da comodidade e do conforto, promovido pelas
facilidades do progresso material, cresce assustadoramente o número de pessoas
infelizes e insatisfeitas, portadoras de algum distúrbio psíquico ou emocional.
Não por acaso a depressão foi profetizada como o principal mal do século.
Não ignoro
os problemas políticos, econômicos e sociais, contudo, todos os dias, uns mais
outros menos, temos a chance de modificar nossas vidas e alterar a rota de
nosso destino. Saibamos reconhecer e agradecer, com profunda gratidão, as
pessoas, que todos os dias trabalham para que possamos ter uma vida plena,
lembrando sempre, que verdadeiramente rico é quem possui menos necessidades.
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